Seguidores

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Surdo no ambiente de trabalho.

A sociedade, na atualidade, discute políticas de inclusão social dando a importância á diversidade, estimulando práticas que respeitam e integram as diferenças decorrentes de etnia, religião, gênero e outras características e atributos pessoais.
Apesar dos esforços que estão sendo feitos nas empresas para a inclusão da pessoa com deficiência (PD), observa-se que as deficiências, muitas vezes, podem prejudicar a pessoa na procura de trabalho. As PDs em vários momentos sofrem preconceitos sendo vistas como incapaz ou geradora de custos e não de lucros.
A legislação é um fator importante para promover a atenção social, e é objetivo fundamental da legislação sobre saúde e deficiência proteger, promover e melhorar a qualidade de vida e o bem-estar social dos cidadões.
Desta forma, caro leitor, por muitas décadas e séculos, ouvintes tem rotulados a surdez ou deficiência auditiva como fator sociobiológico que faz com que pessoas com tal condição sejam diferentes, não as enquadrando no mundo das pessoas que ouvem, na filosofia de que a vida humana está centralizada na audição. Durante muito tempo, a Abordagem Oralista foi imposta à comunidade surda, abrangendo técnicas para que os surdos falassem seguindo a língua majoritária do país de origem e fossem aceitos socialmente e, dessa forma, a surdez era negada, o que dificultava o aprendizado dos surdos, como também sua integração no ambiente de trabalho, obrigando estes a se adequarem na sociedade politicamente correta.
A partir da década de 80, a comunidade dos surdos teve a oportunidade de ser vista e “ouvida” como parte integrante da sociedade através do Bilinguismo, que possibilitou ao surdo um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado no ouvinte, através do acesso às duas línguas: a Língua de Sinais e a língua majoritária do país, sendo que, no Brasil, nos referimos à Língua Portuguesa.
A luta para a evolução da comunidade surda tem um longo caminho a ser percorrido, tanto no que diz respeito à educação, à sociedade e à inserção no mercado de trabalho, pois essa parcela da sociedade foi prejudicada como vimos anteriormente. Atualmente, as pessoas com surdez ainda dependem muito do interesse por partes de todos os envolvidos no mercado de trabalho. Podemos observar que muitas entidades, organizações e/ou órgãos não têm acesso às informações básicas, a fim de atender às exigências da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho − mais precisamente, das pessoas com surdez − ou não têm conhecimento para lidar com essa situação.
Sendo assim, as empresas estão conscientes das obrigações e responsabilidade social vigentes e descritas em leis e documentos oficiais. Porém, algumas dificuldades são encontradas e precisam ser repensadas para que sejam apresentadas como eticamente corretas no que se refere à inclusão das pessoas com surdez no mercado de trabalho, aumentando o respeito e a admiração por parte dos colaboradores, clientes e fornecedores das empresas, colaborando com o processo produtivo e administrativo destas, enfatizando o valor do conceito de diversidade. A transformação implica na mudança do pensar social, das atitudes e implantações que possam atender às necessidades específicas da comunidade surda.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Se nada der certo: Onde tudo começa?

No programa no Domingão do Faustão, uma ex participante do BBB compartilhou seus planos profissionais publicamente e finalizou a frase mais ou menos assim “se não der certo, viro bailarina”. O apresentador ressaltou que as coisas não funcionariam por este caminho e as dançarinas do programa, ficaram revoltadas, dizendo que por trás disso, lutaram, e estudaram bastante.
Em uma das escolas que polemizou diversas notícias e fotos na internet em uma atividade chamada “se nada der certo”, e os alunos vestindo-se com roupas representando as profissões a “fracassados”. Eram “fantasias” de garis, vendedores, cozinheiros, moradores de rua, faxineiros, empregados domésticos e por ai vai...
Mas vamos refletir...onde tudo começa? Não é em casa e na escola?
Vamos tentar nos perguntar e responder. Os jovens que estão matriculados na escola, já estão dando errado na vida?
Os alunos podem ser jovens na idade, mas o desprezo por quem não tem diploma universitário ou alta remuneração mostra mentes tacanhas. Onde estão os jovens que sonham com um novo futuro, de igualdade, justiça e respeito para todos? Esses costumam dar mais certo na vida.
A atividade realizada mostra que, às vezes, o preconceito está tão arraigado que chega a se naturalizar. Tanto que a escola afirma, na nota de esclarecimento, que o objetivo era só “trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular”. Aparentemente, não parecia haver nada de errado, e foi necessária a disseminação da polêmica para que o tema se tornasse objeto de reflexão.
Mas este caso é apenas uma amostra de diversas atividades discriminatórias que ainda acontecem pelas escolas. Por exemplo, é mais comum do que se pensa que, no dia dos pais ou das mães, não haja previsão para acolher novos modelos de família, integradas por casais do mesmo sexo; da mesma forma, pouco se sabe lidar com as situações de novos companheiros dos pais e mães separados. As festas juninas são outro cenário de manifestação de preconceitos “naturalizados”: as crianças são vestidas com roupas remendadas, pintam a boca como se faltassem dentes, usam combinações cafonas e dançam de um jeito esquisito para imitar os “caipiras”. É o cidadão do meio urbano zombando do habitante do interior. Em todas essas ocasiões, os valores registrados no projeto pedagógico estão bem distantes da prática. 
Por fim, fica também a reflexão sobre o conceito de sucesso e fracasso. No conceito atual de liderança, a principal atividade não é comandar, mas servir. O papel do líder é facilitar o trabalho para que a equipe se sinta motivada e desafiada a fazer coisas incríveis. Mas mesmo ser o líder não é necessariamente sinônimo de sucesso na vida. Sucesso tem mais a ver com felicidade, bem-estar, equilíbrio pessoal, empatia. Sentimentos dos quais quem lava, arruma, limpa, faxina e conserta, mesmo enfrentando dificuldades inimagináveis, pode entender mais do que muita gente.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O sentir-se vazio.

Hoje em dia, no sentido tempo atual. O tempo em que vivemos é apresentado pela cultura do excesso, do sempre mais e mais, na qual tudo torna-se intenso e muito urgente. Vivemos o tempo do hipermercado, do hiperconsumo, do hipertexto, do hipercorpo, dos telefones celulares, dos computadores pessoais, dos aparelhos de vídeo domésticos, das tele entregas, da Internet, na qual há milhões de sites e bilhões de páginas. Novas ansiedades fazem parte neste universo contemporâneo.
Vivenciamos uma corrida frenética contra o tempo e contra a competitividade, o que provoca grande instabilidade. A continuar assim, caminharemos para uma identidade sem valores éticos como já se começa a constatar nas instâncias de poder, no trabalho, no exército, na família, na escola e nos partidos políticos. O presente está carregado de medos e de tensões que tiram o sentimento de liberdade. Tudo isso vai sendo autorizado e nada precisa ser justificado, pois os homens não visam somente ao produto, ao palpável, mas sim à destruição do outro, então corrompem, assaltam, roubam, matam, sequestram, abusam, violentam e praticam o terrorismo.
Conforme a concepção psicológica, ao lado do vazio externo, que se manifesta geralmente por sentimentos de vertigem, a angústia do vazio aparece sob duas formas: A primeira é o pesadelo de uma queda sem fim no vazio e a segunda, a angústia do esvaziamento da substância interna pelos buracos do invólucro psíquico. Refletindo a partir das duas configurações, somos levados a pensar que o homem encontra-se em grande desespero, pois suas perturbações psíquicas são caracterizadas por um mal-estar difuso e invasor, por um sentimento de vazio interior que se expressa na frase: “se pelo menos eu pudesse sentir alguma coisa!”, sendo assim, por consequência, o homem sentirá o vazio das emoções.
Todos nós estamos cansados de saber que os homens são diferentes uns dos outros, apesar de aparentemente terem algumas semelhanças. Cada um carrega consigo o código genético, uma das várias características que constitui nossa existência, e o corpo do indivíduo é que vai fazer a interação com o mundo. A construção de nossa individualidade se faz presente a partir do contato com nossos pais e irmãos. Paralelamente à sociabilização, o homem começa a fazer suas escolhas e a construir sua individuação.
O vazio existencial leva os indivíduos a trilhar caminhos tortuosos. Quando a fuga surge como a melhor alternativa para lidar com a angústia do viver, o indivíduo interrompe o contato com os outros, pois a sociedade o favorece e ele cai no individualismo. Com o contato com o outro constantemente interrompido, criam-se estruturas rígidas que acarretam ao indivíduo um verdadeiro sofrimento psíquico e o vazio se faz presente nos excessos.
Sendo assim, cabe-nos entender o que há em comum e o que há de diversos nesse sentir único e complexo, que leva a ser a um crescente questionamento quando se depara com o vazio. Precisamos questionar sobre essa angústia que, muitas vezes, torna-se insuportável para o indivíduo. Ele sofre e se nega a beber dessa fonte de desprazer.
Concluindo neste texto, portanto, na psicoterapia o sujeito buscará compreender, o que é estruturado hoje em dia com a falta, é um sujeito desejante que se utiliza de preenchimento ilusórios. O vazio existencial torna-se angustiante e transborda do aparelho psíquico.


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Caso Andreas Von Richthofen: traumas de infância.

Em primeiro lugar vamos compreender o que é trauma emocional ou psíquico. A palavra trauma apresenta um conceito lesão ou ferida produzida por ação violenta e externa ao organismo e pode ou não deixar sequelas.
  Na visão da psicologia, o trauma ocorre pela incapacidade do sujeito de superar determinado acontecimento na sua vida. Digamos que a maneira encontrada para lidar com o evento traumático não foi a mais adequada, pois a carga emocional foi mais intensa do que o indivíduo poderia suportar. Trauma é aquilo que deixa marcas e que pode te impedir de fazer aquilo que tem vontade na vida, pois o trauma inibe a energia de se viver plenamente. O comprometimento vai depender da intensidade da violência do trauma e da capacidade da pessoa, seja criança ou adulto, de elaborar psiquicamente a situação ocorrida.
     Na origem desse trauma consta também a culpa que a criança sente por não saber se foi a responsável por determinada situação de violência que tenha passado. Nesse sentido, podemos classificar de violência qualquer acontecimento pelo qual a criança tenha passado e tenha sido agressivo à ela (brigas entre os pais e com a própria criança, separação, xingamentos, chantagem emocional, drogas ou bebedeiras na frente da criança, presenciar sexo, tentativa de estupro, incentivo à prostituição infantil, exploração para o trabalho, espancamento ou utilização de objetos que ferem, depreciação constante da criança, abandono, desastres naturais, acidentes, violência urbana e doméstica em geral etc.). Citei aqui alguns casos pelos quais algumas crianças passam. A lista é interminável, porém, é bom atentar que qualquer tipo de violação no desenvolvimento normal da criança, poderá produzir um enfraquecimento do Eu e contribuir para a configuração de um sujeito inseguro, cheio de carências e neuroses que limitam a sua vida e impedem a busca pela autonomia.
     Dependendo da fase do desenvolvimento e da quantidade de tempo em que a criança passou vivendo em um ambiente traumático, ela poderá desenvolver Transtornos de Ansiedade, Transtornos Depressivos, Transtornos Comportamentais e Emocionais diversos, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, entre outros, porém, cito novamente a importância de uma avaliação psicológica profissional, tendo em vista que muitos desses diagnósticos são facilitados por uma investigação que generaliza os sintomas da criança e a coloca num patamar estatístico, sem considerar a história de vida de cada criança.
   Algumas crianças e adolescentes, vítimas de traumas, se adaptam e se recuperam de maneira surpreendente, apesar da experiência sofrível pela qual passaram. Esse amadurecimento precoce já seria uma resposta inteligente que o organismo dá para proteger o psiquismo de um sofrimento mais intenso. Mas existem vários fatores que também podem influenciar o fortalecimento de um Eu mais seguro e saudável, um deles é o carinho e a atenção da família e dos amigos na fase posterior ao evento traumático. O contato com aqueles que guardam sentimentos de amor é fundamental para a recuperação do trauma.
  Assim como, o papel da psicoterapia nesse caso é fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir sua força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança no meio do caos não elaborado anteriormente. A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será sentida no corpo/mente.


terça-feira, 16 de maio de 2017

Estresse no trânsito, como evitar?

Atualmente, falar de estresse no trânsito é bastante comum. Mas o que é estresse? Quais são os motivos que levam as pessoas a se estressar no ambiente tráfego? Como evita-los?
Várias situações do trânsito são desgastantes. Muitos condutores se estressam com os eventos que produzem perda de tempo, isto é, ser atrapalhado por outros motoristas, dirigir nos horários de pico e ficar atrás de carros muito lentos. Os contratempos que surgem, como as obras sem sinalização adequada na via, e os engarrafamentos em horários incomuns podem aumentar a tensão e falta de controle da situação.
E o passageiro pode produzir estresse no motorista? Sim, ele pode ser considerado uma fonte de estresse quando conversa.
O estresse não afeta as pessoas da mesma maneira, depende das características de cada um, do momento de vida e da fonte que o produz, porém, quando estamos expostos constantemente à sobrecargas emocionais, isto pode ser prejudicial à nossa saúde mental.
Assim como, o papel do psicólogo oferece um suporte na psicoterapia que pode trazer enormes benefícios para a pessoa atendida como: aumento do autoestima, segurança nas decisões, autoconhecimentos, desenvolvimento pessoal, autonomia, motivação, tolerância á frustração, superação de conflitos internos e externos.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Sem força para viver.

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história e se configura como uma das principais formas de manifestação do sofrimento psíquico na contemporaneidade.
De acordo com a pesquisa, a depressão é um transtorno mental determinado por alterações orgânicas e cerebrais, que levam a um estado de humor rebaixado. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, podendo causar perda de apetite, dificuldade de concentração, ações antissociais, alteração no sono e, em casos mais extremos, levar ao suicídio. Em alguns casos, a depressão pode vir acompanhada de outras patologias como transtorno de ansiedade, fobia social e síndrome do pânico.
É importante diferenciar a tristeza patológica daquela que é transitória, provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida. Pessoas sem a doença passam por momentos de tristeza, porém, conseguem sair deste estado com o tempo. No caso de indivíduos com depressão, a tristeza é sem fim e sem razão aparente. “É uma dor que não se quer sentir, mas que é maior do que você”, explica L.. “Ás vezes até tem um gatilho, uma situação que te faz entrar em uma crise maior ainda. Outras vezes são coisas minúsculas e que tomam proporções gigantescas”.
“O paciente geralmente apresenta um quadro de anedonia, que é a incapacidade de vivenciar prazer nas coisas que antigamente eram agradáveis.   O deprimido também experimenta sentimentos de culpa e não reage às situações cotidianas”, por exemplo “Eu me cobro muito, então acabo me culpando e ficando brava comigo mesma por não conseguir fazer coisas que todo mundo faz”. Outro sintoma da depressão é o pensamento recorrente de morte. Entretanto, esse sentimento não significa necessariamente que o paciente tentará se suicidar.
Por fim, não existe um fator que determina se a pessoa terá ou não depressão. São várias as razões envolvidas que podem levar a doença, entre eles a genética e questões ambientas. A depressão, ainda, pode ser diferenciada por graus de intensidade, existindo a leve, a moderada e a grave. Nos casos mais graves, o indivíduo perde totalmente a iniciativa e a vontade de realizar atividades. Além disso, o apoio da família e de amigos é muito importante para a recuperação do paciente com depressão.


quinta-feira, 4 de maio de 2017

As escolhas - SURDEZ

A surdez tem sido estudada desde o século XVII aproximadamente por médicos. Devido à época e os recursos que os mesmos dispunham, era aceitável a visão que propagavam a respeito do objeto de estudo: a surdez. Devemos considerar que a Medicina se destacou nos ramos de pesquisa sobrepondo-se a outras áreas, sobretudo a Educação.
A concepção era de que os surdos deveriam ser submetidos a experiências que pudessem provar que tais poderiam ser curados da patologia. Um exemplo foi Itard que usou até sanguessugas nos tímpanos dos surdos com o intuito de “abrir” o canal auditivo, levando um de seus pacientes à morte devido infecção.
Hoje dia, a concepção clínico-patológica não se dá da maneira citada acima (graças a deus!), suas intenções enquanto Medicina são as melhores, porém muitas delas não são aceitas pelas Comunidades Surdas do Brasil devido à descaracterização que as mesmas proporcionam impedindo o sujeito Surdo de ser Surdo, assumir sua identidade e viver de acordo com os preceitos de sua Comunidade.
Ao identificar como sujeito Surdo na visão sócio antropológica reconhece-o como Ser Humano que não precisa ser testado periodicamente para que a sua surdez seja curada, mas que possui uma Língua natural, reconhecida por Lei (10.436 de 24 de Abril de 2002), que tem traços característicos de sua Língua e que constitui uma Comunidade minoritária.
O Surdo como qualquer cidadão possui deveres e direitos, sendo ele mesmo protagonista de sua história, capaz de tomar suas próprias decisões, opinar e escolher o que será melhor para sua vida.
Não podemos permitir que a sociedade em si “enxergue” as peculiaridades da surdez como uma patologia incurável ou como uma deficiência, mas devemos esclarecer que a Surdez é uma diferença, afinal são nas diferenças que nos assemelhamos, não importando quais sejam tais diferenças, devemos de fato respeitá-las.
Se for do desejo do Surdo submeter-se a experiências da concepção Clínico-Patológica, (desde que tenha atingido a maior idade), não há problemas, o que é questionado aqui é a postura da sociedade e com ênfase da família a permitir que crianças que não estão aptas ainda a escolher qual rumo dar à sua vida sejam submetidas. Faz-se necessário inicialmente que na infância seja apresentada a Língua de Sinais para que as mesmas possam traçar elos de comunicação (o que ocorrerá na maioria das vezes entre Surdos-surdos, pois as famílias dificilmente aprendem Libras e têm interesse pela mesma), contudo o ato de comunicar-se, entender e se fazer entendido não estará comprometido.
O Surdo é um ser humano e precisa ser aceito como tal, uma pessoa isenta de moléstias, portador de pecados (concepção religiosa) e, sobretudo de patologia.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Blue Whale - Baleia Azul


Um novo perigo que está surgindo nas redes sociais e põe em risco as crianças/ adolescentes do Brasil todo. Chamado Baleia Azul, o jogo virtual de desafios, via Facebook ou WhatsApp, que vão de automutilação ao suicídio, pode estar ligado ás mortes de diversos adolescentes e crianças. A importância de alertar os profissionais, pais, escolas, sobre a necessidade de estarmos sempre atentos para os sinais de depressão e de um possível suicídio que as pessoas ao nosso redor podem dar o fim de sua vida.
Segundo as minhas pesquisas, de várias fontes, jogo da baleia azul nasceu na Rússia e vem se espalhando através das redes sociais. O jogo inicialmente era praticado apenas em uma rede social russa, mas depois que chegou ao Facebook o jogo começou a crescer rapidamente e atingir jovens ao redor do mundo todo. O jogo normalmente é controlado por um “curador” que lança desafios de automutilação para os participantes que devem se filmar cumprindo os desafios.
O jogo passou a chamar atenção e preocupar pais e autoridades quando ele gerou cerca de 130 casos de suicídios na Rússia. Profissionais da saúde alertam que a melhor forma de prevenção por parte dos pais é checarem as redes sociais dos filhos para investigar algo de estranho e sempre estar próximo e dar atenção aos jovens.
 Dicas de como lidar com o tema:

1-      Fique atento à mudanças de comportamentos.
Isolamento, mudança no apetite, o fato de adolescente passar muito tempo fechado no quarto, etc...
2-      Compartilhe projetos de vida.
Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem,  conhecer os amigos. Aos pais, cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, até algo simples, como por exemplo, a programação do fim de semana.
3-      Abra espaço para diálogos.

Filhos devem ser acolhidos no âmbito familiar, por isso, é preciso que adolescente sinta-se a vontade para falar de suas frustrações e se sinta apoiado. Se ele estiver um espaço para dividir as suas angustias e for escutado, tem um fator de proteção.

Veja também outras fontes desta noticia: 
http://vilamulher.uol.com.br/bem-estar/saude/desafio-da-baleia-azul-m0417-731066.html

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Trump é maluco?

O artigo que eu traduzi e que disponibilizo abaixo foi publicado no último dia 17 de Fevereiro no jornal New York Times. Seu autor é o psiquiatra Richard A.Friedman. Para ler o artigo no original clique link abaixo:



Um grande número de pessoas tem questionado a saúde mental do presidente Donald Trump. Este mês, o senador Ted Lieu, um democrata californiano, chegou a dizer que estava considerando propor uma legislação para exigir um psiquiatra na Casa Branca.   
            Mais controverso ainda é o número de especialistas que estão se juntando ao coro. Em dezembro, um artigo publicado no jornal Huffington Post incluiu uma carta escrita por três proeminentes professores de psiquiatria que citava "a grandiosidade, a impulsividade, a hipersensibilidade ao desprezo ou às criticas e uma aparente incapacidade de distinguir entre fantasia e realidade" do presidente Trump como evidências de sua instabilidade mental.
 Embora não tenham dado ao presidente um diagnóstico psiquiátrico formal, os especialistas o convidaram a se submeter a uma completaavaliação médica e neuropsiquiátrica  realizada por pesquisadores imparciais.
Um psicólogo clínico foi além no final de janeiro. Ele foi citado em um artigo do site U.S. News and World Report intitulado “Temperament Tantrum" [Temperamento birrento], dizendo que o Presidente Trump possui um narcisismo maligno, caracterizado pela grandiosidade, pelo sadismo e pelo comportamento antissocial. 
       Eu, como profissional não duvido que estes especialistas acreditem que estão protegendo o país de um presidente cujo comportamento eles - assim como muitos de nós - veem como perigoso. Uma recente carta ao editor publicada neste jornal, assinada por 35 psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, se expressou desta forma: "nós tememos que muito esteja em jogo para ficarmos em silêncio". E continuou: "Acreditamos que a grave instabilidade emocional demonstrada pelas falas e ações do Sr. Trump, o torna incapaz de atuar de forma segura como presidente".
            No entanto, a tentativa de buscar um diagnóstico para o Presidente Trump e declará-lo mentalmente inapto para o trabalho é equivocada por uma série de razões.
            Em primeiro lugar todos os especialistas têm convicções políticas que provavelmente distorcem seu julgamento psiquiátrico. Considere o que minha profissão, em sua maioria liberal, disse sobre o senador Barry Goldwater, candidato republicano a presidente em 1964, logo antes da eleição. Membros da Associação Psiquiátrica Americana (APA) foram questionados pela extinta revista Fact sobre a avaliação que faziam de Goldwater. Muitos o atacaram rotulando-o de "paranóico", "psicótico" e "megalomaníaco". Alguns forneceram diagnósticos como esquizofrenia ou transtorno de personalidade narcísica. Eles usaram seus conhecimentos profissionais como armas políticas contra um homem que eles nunca examinaram e que certamente nunca teria consentido em discutir sua saúde mental em público.
             Contrariamente ao que muitos acreditam esta regra não significa que os profissionais devam permanecer em silêncio sobre figuras públicas. De fato, as diretrizes  afirmam especificamente que os profissionais de saúde mental devem compartilhar seus conhecimentos para educar o público. 
Assim, enquanto for antiético para um psiquiatra dizer que o Presidente Trump possui um transtorno de personalidade narcísica, ele ou ela poderiam discutir traços comuns à característica narcisista, como a grandiosidade e à intolerância à críticas e como isto pode explicar o comportamento do Sr. Trump. Em outras palavras, os psiquiatras podem falar sobre a psicologia e os sintomas do narcisismo em geral, e o público é livre para decidir se a informação pode se aplicar a um indivíduo específico.   
Por fim, isto pode parecer uma discussão insignificante, mas não é. A realização de um diagnóstico requer um exame minucioso do paciente, uma história detalhada e todos os dados clínicos relevantes - nenhum dos quais pode ser coletado à distância. O narcisismo, por exemplo, não é a única explicação para o comportamento impulsivo, desatento e grandioso. A pessoa pode estar sofrendo de outro problema clínico como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, o abuso de drogas, álcool ou estimulantes ou de uma variante do transtorno bipolar, para citar apenas alguns. Os profissionais de saúde mental rotulam figuras públicas com doenças mentais, não é apenas antiético - é intelectualmente questionável. Nós não temos os dados clínicos necessários para saber o que estamos falando. Além disso, mesmo se você postular que um presidente possui um transtorno mental, isto diz muito pouco sobre sua aptidão para a função

segunda-feira, 27 de março de 2017

Acompanhamento terapêutico para surdos oralizados.

      Iniciando este texto, destaco sobre o meu trabalho com o público surdo e não determino a abordagem definida para o acompanhamento. Já que estamos falando no processo de inclusão, deve estar aberta para todas as abordagens de acordo com as demandas que estão sendo apresentadas no consultório.
        Crianças e adolescentes com perda auditiva, questionam muitos familiares, e se perguntam “qual é a melhor forma de terapia?”.
             Considero a importância da terapia para os indivíduos e, o contato com os surdos foi o principal motivador para atuação profissional. Dentre eles, a importância de compreender sobre a cultura surda, sistema de linguagem e a subjetividade do surdo. Infelizmente, poucos profissionais especializados nesta área, assim como a família e a falta de conhecimento do surdo sobre trabalho do psicólogo como os principais desafios, pensando a partir do estudo aprofundados a leitura em pesquisas cientifica, terapia familiar e recursos de materiais visuais.  O domínio da Língua de Sinais – LIBRAS, o conhecimento da comunidade surdez são as ferramentas fundamentais que o terapeuta precisa ter.
            Um bom profissional de psicologia vai além do que é ensinado nas salas de aula de uma universidade. Precisando, recorre aos livros, artigos, pesquisas, congressos e outros meios que possam servir como guia em sua vida profissional. Para aquele que decide trabalhar com surdos, existe a necessidade de se aprofundar em outros meios. É importante conhecer a cultura surda, sua história e a LIBRAS, cuidados que podem colaborar com o sucesso da terapia.
            Em geral, a pessoa chega até a clínica por algum comportamento e/ou componente psíquico que a incomoda, prejudica ou fere a si mesma e a outros.  
          Além disso, nenhum atendimento dos paciente são iguais. Quando isso acontece, fica sob a responsabilidade do psicólogo desenvolver estratégias para evoluir e facilitar a intervenção. Essa adequação metodológica ocorre também de acordo com a formação do profissional, posto que a psicologia dispõe de uma variedade de referenciais teórico-técnicos. Importa que o psicólogo contemple os fenômenos psicológicos que lhe são apresentados sob o olhar ético da psicologia, o que o impõe a necessidade de contextualizar sócio-historicamente tais fenômenos.
            Como os ouvintes, em seu devir, os surdos também podem enfrentar questões que demandam acompanhamento psicológico. Nesse sentido, espera-se encontrar no mercado a oferta de um serviço especializado, pois a expressão das questões vivenciadas pelos surdos se diferencia do modo pelo qual, em geral, os ouvintes se comunicam.
O desenvolvimento e os processos de subjetivação do surdo merecem uma atenção diferenciada por parte da psicologia. Eles compreendem dinâmicas distintas das investigadas junto aos ouvintes e requerem uma abordagem metodológica específica, a começar pelo fato do surdo em geral não se comunicar em português, mas por LIBRAS.
Assim como, o atendimento psicológico do paciente surdo exige domínio da LIBRAS por parte do terapeuta. Mesmo o paciente oralizado, nos momentos em que as emoções se manifestam mais intensamente no decorrer das sessões clínicas, recorre ao uso da linguagem gestual. Portanto, cabe ao psicólogo respeitar e habilitar-se de modo a garantir a compreensão do paciente surdo. 

terça-feira, 7 de março de 2017

Resgatando a sensibilidade

Em homenagem ao dia das Mulheres escrevo este pequeno texto com o objetivo que propõe reflexão a todas as pessoas: o resgate da feminilidade - tão pouco estimulada pelos modelos dos dias de hoje.
A feminilidade diz respeito a todos nós, seres humanos. Ela tem como características a sensibilidade, a intuição, o cuidado, o afeto e o acolhimento, mas são geralmente as mulheres que expressam mais esta feminilidade. Não é à toa que a Terra, a (Mãe) Natureza e a Ecologia são palavras femininas.
Atualmente os aspectos masculinos são muito valorizados – antes mais expressos nos homens, agora por ambos os sexos. Os aspectos da masculinidade são: a racionalidade, a objetividade, a praticidade, a competitividade, dentre outros.
Não há um aspecto melhor do que o outro, pois a masculinidade e a feminilidade integram-se e complementam-se. Esta harmonia é fundamental para vivermos bem e com respeito. Num mundo em que há desequilíbrio, há o adoecimento social e a infelicidade das pessoas.
Noto, em meu convívio e entre os pacientes que atendo em psicologia, o quanto as pessoas estão infelizes e descontentes com suas vidas. Os seus sonhos não são seus, mas os vendidos pelas revistas e mídia em geral. Suas características pessoais também, muitas vezes, são causas de infelicidade e sofrimento na medida em que destoam dos modelos estéticos, profissionais e de consumo veiculados e valorizados na sociedade do efêmero e superficial.
Se desejamos viver melhor, temos que resgatar a nós mesmas, a nossa autenticidade, o que realmente somos, o que está por detrás das máscaras do cotidiano.
Assim como, as mulheres tem um papel fundamental no resgate da feminilidade no mundo. Através da expressão dela em nós mesmas e da disseminação entre outras pessoas (homens e mulheres) que convivemos e nos filhos que nutrimos e criando.
           Com o crescimento da feminilidade em todo o planeta a consequência natural é o respeito entre as pessoas e cultivo de hábitos sustentáveis e de respeito para com todas as formas de vida gestadas e alimentadas por nossa Mãe Terra /Natureza.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Por que no carnaval as pessoas soltam as fantasias nas fantasias?

O carnaval é espaço no qual muitas pessoas libertam suas fantasias com as máscaras, sem terem que sofrer com a censura oficial, moral, social ou religiosa. 
O carnaval desvela no palco da vida, as fantasias desde as mais íntimas às mais saudáveis e criativas. Através das máscaras podemos retirar durante o carnaval nossas máscaras sociais coladas ao nosso corpo e à nossa alma.
A fantasia é o arquiteto da psicologia profunda, onde dá formas aparentemente absurdas ou incompreensíveis para satisfazer os desejos. O mundo interno do homem é um mundo rico em fantasias e desejos.
As antigas tradições sapienciais sempre representaram o mundo interno do ser humano através da dança, dos cultos sagrados, das pinturas, da escrita, das iniciações espirituais, em fim das mais diversas manifestações culturais. As fantasias estão no campo do simbólico. Se Carl Gustav Jung estivesse vivo provavelmente ele se deliciaria com o carnaval, apesar de ter sido educado numa família protestante tradicional. Poderia ver a simbologia do inconsciente coletivo e os arquétipos soltos, brincando, mascarados se soltando livres, leves e soltos.
Como estamos vivendo o século da ansiedade, automaticamente estamos vivendo sob a égide da fantasia. Vivemos em um mundo onde a fantasia é incrementada e reforçada, muitas vezes, pelos nossos pais, pela televisão, novelas, cinemas, propaganda etc.  E a questão é até que ponto estas fantasias podem ser favoráveis ou não às nossas vidas. A fantasia é a arte do imaginário, uma imaginação, um devaneio, um sonho acordado. Fantasia é um dos mecanismos de defesa do ego e, portanto, aparece com freqüência nos estados de frustração. Para reduzir a frustração ou crio uma imaginação ou crio um bloqueio de evitação sobre algo que possa me deixar frustrado.     
Muitas pessoas aparentam ser fria, mas na realidade estão evitando as emoções causadas por possíveis frustrações.
Mas o que é o mecanismo de defesa? Nada mais, é um processo mental inconsciente que possibilita ao ego reduzir a ansiedade ou de estresse. São mecanismos de defesa à racionalização, a projeção, conversão, fantasia, generalização, repressão etc.
É normal ter fantasias? É. Você pode fantasiar o que desejar, consciente que é uma criação sua. Você pode entrar e sair dela quando quiser e não é obrigado a realizá- la. A questão quanto à normalidade é uma questão de envolvimento: o quanto à fantasia está preenchendo sua vida ao invés da realidade.A realidade está focada na razão e a fantasia está na emoção. A fantasia se torna um problema quando ela é pode estar dependente de uma ilusão e a ilusão é o engano dos sentidos ou da inteligência, é algo efêmero, inadequado, uma falha de leitura, interpretação de um fato e a percepção inexata de um objeto ou de dado contexto.
            Liberamos nossas fantasias, exibicionismos, e procuramos externar as emoções: medos, raivas e desejos.A psicologia explica em recalques: fatos e situações reprimidas, que fazem muito mal a saúde. É necessário e saudável livrar-nos desses problemas, traumas, angústias. O carnaval pode ser útil para isso.
            Assim como, vivemos sob autoritarismo muitas das vezes sutilmente camuflado (de governo, família, escola, patrão, igreja), uma sociedade de exclusão, excesso de leis que não funcionam, regras ineficazes de serem cumpridas, desejos inatingíveis, direitos não concedidos, doenças, contas a pagar, balas perdidas, queremos momentos de alívio, de esquecimento, de descontração, chega de discursos absurdamente demagógicos. Dessa forma através da liberação utópica das fantasias suportamos mais um ano e desejamos um feliz ano novo a cada ano.Com a perda dos sentidos, o carnaval se torna positivo. É uma possibilidade de aliviar o estresse, a tensão, pessoal e social, no extravasar nossos problemas. Não é por bondade que os governos e grandes organizações patrocinam este neurótico “circo e pão” para o povo, como faziam os romanos há 2000 anos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Abordagem terapêutica para atender surdos.

Muitas pessoas me perguntam em que abordagem é usada para trabalhar com surdos. Não existe abordagem terapêutica específica para atender o surdo usando a língua de sinais (LIBRAS), não se pode restringir o campo, ao contrário, ele deve ser ampliado.
A criança que nasce surda em uma família ouvinte necessita de acompanhamento e conhecimento em LIBRAS o quanto antes, e o atendimento Psicológico independe de faixa-etária. A participação dos pais em todo esse processo de acompanhamento e aprendizado é essencial.
Surdez, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é a perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, de forma: leve, moderada, severa, profunda.
            O surdo não oralizado necessita do conhecimento da língua de sinais, que é uma língua natural como as línguas orais. É importante ressaltar que a comunicação é uma necessidade expressiva do ser humano, o que possibilita a interação entre sujeitos em uma sociedade.
A falta de comunicação gera isolamento, preconceito e baixa autoestima, e estes conflitos muitas vezes são interpretados de forma equivocadas alterando assim o comportamento do surdo levando-o a agressividade, intolerância, individualismo.
É importante pontuar que ser surdo é ser diferente e não propriamente deficiente. O sujeito surdo tem e desenvolve habilidades próprias, a inclusão social do surdo acontecerá com a participação direta da família, responsáveis e cuidadores.
O acompanhamento psicológico em LIBRAS possibilitará condições para uma melhor convivência do surdo com a família, a sociedade e em especial ao grupo que estiver inserido.
A psicoterapia em LIBRAS permitirá ao surdo conhecer a si próprio como também o processo  relevante de construção de sua identidade e autonomia.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Escola X Famílias: Integração

Compreender os momentos de transição são esperados dentro do ciclo desenvolvimento da família, porém esses eventos são estressores que podem ser vivenciados de formas diversas pelas famílias. No que se refere a transição para a escolarização,  pode provocar na família uma revisão de muito de seus valores, podendo portanto ser vivenciado enquanto um momento de crise.  
Todos nós sabemos que a escola representa um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem uma vez que constitui-se em um espaço que reúne uma variedade muito grande de conhecimentos, atividades, regras e valores. É um espaço físico, psicológico, social e cultural em que os sujeitos que ali estão organizam seu conhecimento conforme as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela.  
A escola possui objetivos e metas determinadas que são organizados com o intuito de promover a aprendizagem e efetivar o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: memória seletiva, criatividade, associação de ideias, organização e sequência de conhecimentos, dentre outras. Este espaço funciona de forma preditiva, ou seja, é um espaço que reúne momentos de atividades estruturados conforme objetivos programados e outros momentos que os estudantes interagem com os demais.
A família corresponde ao primeiro ambiente de socialização do sujeito e uma das principais instituições mediadoras dos padrões e modelos culturais. Ela é transmissora de valores, crenças, ideias e significados presentes na sociedade. Exerce uma forte influência no comportamento dos sujeitos, especialmente nas crianças. Nas experiências familiares é que são geradas as formações inicias de repertórios comportamentais, ações bem como resolução de problemas. É importante salientar que a experiência de vivencia da escolaridade é algo esperado no ciclo de desenvolvimento da família. Reconhece-se que quando há afeto, reciprocidade e equilíbrio nas relações, estes fatores podem ser considerados protetivos, contribuindo para que esta passagem tanto para a família bem como para a criança aconteça de maneira mais tranquila.
O contato com outros colegas é um fator importante para que o estudante melhor se adapte à rotina escolar. As trocas vivenciadas entre os estudantes fomenta o interesse pelas atividades e conhecimentos que são transmitidos no contexto escolar. Tal vivencia contribui para que o desenvolvimento pessoal e intelectual ocorra de maneira positiva dentro desse novo microssistema.
É importante apontar que o apoio dos pais e∕ou cuidadores da criança em relação ao acompanhamento da experiência escolar é visualizada na disponibilidade de tempo e recursos. São práticas as parentais que promovem a aproximação entre família e escola. Pode-se considerar enquanto exemplos dessas práticas: o tempo para acompanhar os deveres escolares, o suporte para tirar dúvidas, momentos para conversa a respeito de como está sendo esse momento com novos colegas e professores, acompanhamento de reuniões escolares. Esses momentos proporcionados e vivenciados contribuem para que a criança perceba que esta experiência que está tendo é significativa e que os adultos que os cuidam, importam-se e valorizam o momento que está vivendo.
Esse modelo de compreensão do desenvolvimento humano é coerente a compreensão do desenvolvimento da família ao longo do ciclo vital e as transições que esta vive. Enquanto microssistema a família sofre influência de outros microssistemas, e a entrada de um filho na escola (que também é um microssistema) tende a refletir na dinâmica relacional da família. Por isso, família e escola precisam ser pensadas enquanto sistemas que são afetados um pelo outro.
Por fim, muitas Famílias apresentam dificuldades em estabelecer rotinas, linguagem clara, afeto, garantir combinados, tende a vivenciar essa fase com menos estresse. Já famílias que passam por momentos de instabilidade (como recasamento, mudança de emprego, morte, doenças), estudos indicam que os filhos tendem a apresentar mais dificuldade de adaptação e podem apresentar comportamentos internalizantes na escola.
Acredita-se que, cada vez mais, família e escola precisam estar integradas, fomentando dialogo e parcerias para garantir que as crianças que ali estão conseguiam apropriar-se em sua capacidade máxima da aprendizagem proporcionada.
O psicólogo escolar, segundo perspectiva de Souza (1997), deve ter convivência com as crianças e a escola, podendo fazer uso de observação participante, entrevistas abertas, participação em espaços lúdicos e visitas domiciliares, visando estabelecer vínculos, criando espaços de escuta e oportunidades de dar voz aos professores, às crianças e às famílias. Ou seja, acolher e ouvir a queixa escolar, procurando desde o início fazer questionamentos que pudessem levar a uma reflexão sobre aquilo que era tido como problema, ouvindo mais de uma pessoa e realizando observações das crianças em sala e da dinâmica do cotidiano.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Maternidade - Sofre com as visões antigas?

As últimas décadas do século XX foram marcadas por alterações nos valores, práticas e papéis sociais desempenhados pelos indivíduos. Hoje, as mulheres das camadas médias e altas vêm conseguindo uma inserção social cada vez maior e, aos poucos, vêm alcançando uma situação de relativa igualdade com os homens, pelo menos no espaço público.
Atualmente, o adiamento da maternidade tornou-se um fato comum entre aquelas com uma carreira profissional. Existe uma coincidência entre os melhores anos na vida da mulher para a construção e consolidação de uma carreira e os melhores anos para que ela tenha filhos. As mulheres engajadas em sua ascensão profissional muitas vezes não querem interrompê-la em prol da maternidade, pois a carreira – assim como os cuidados envolvidos na criação de um filho, especialmente em seus primeiros anos de vida – exige uma dedicação quase que integral. A maternidade, desta forma, acaba por ser postergada.
O adiamento da maternidade, esperando firmar-se profissionalmente e conseguir independência econômica, se estende, em alguns casos, por tanto tempo que as condições apropriadas nunca chegam, ou somente advêm quando a gravidez passa a ser de risco, e, então, o projeto de ser mãe pode tornar-se praticamente inviável para elas.
Com o surgimento da pílula anticoncepcional e a maior eficácia dos métodos contraceptivos, pode-se dizer que as mulheres – pelo menos as dos segmentos sociais mais altos – se tornaram responsáveis por sua sexualidade, podendo optar por ter ou não filhos e por quando tê-los, ou seja, elas se perguntam o que efetivamente querem e não mais cumprem um destino que lhes cabe pelo simples fato de terem nascido mulher. Antes voltadas para os desejos dos outros – um dos pilares da subjetividade feminina –, para a satisfação daqueles à sua volta, elas se voltam agora para seu crescimento e desenvolvimento pessoais, começando a produzir sua própria palavra e a consolidar progressivamente práticas sociais transformadoras, ainda que, algumas vezes, a um elevado custo, tanto social quanto subjetivo.
No que diz respeito à opção por ter ou não filhos, apesar das mulheres percebem grande mudança na sociedade com relação à antiga visão de que, para ser completa, uma mulher tem que ser mãe. O fato de que a mulher que não tem filhos ainda é vista como uma "coitada", uma "pessoa inferior", alguém que não conseguiu cumprir o seu principal papel.
Assim, podemos dizer que algumas mulheres atualmente começam a desconstruir antigos determinismos sociais, conseguindo impor suas opções pessoais sobre essas exigências ainda tão fortemente presentes no discurso social. Parece que as opções abertas às mulheres continuam a se expandir, mesmo que essas novas escolhas ainda tragam para elas muitas dúvidas e conflitos. Podemos concluir afirmando que diferentes possibilidades começam a se abrir às mulheres de hoje. Um longo caminho, contudo, ainda necessita ser percorrido para que antigas visões que sempre constrangeram as escolhas femininas sejam de todo erradicadas.