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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Caso Andreas Von Richthofen: traumas de infância.

Em primeiro lugar vamos compreender o que é trauma emocional ou psíquico. A palavra trauma apresenta um conceito lesão ou ferida produzida por ação violenta e externa ao organismo e pode ou não deixar sequelas.
  Na visão da psicologia, o trauma ocorre pela incapacidade do sujeito de superar determinado acontecimento na sua vida. Digamos que a maneira encontrada para lidar com o evento traumático não foi a mais adequada, pois a carga emocional foi mais intensa do que o indivíduo poderia suportar. Trauma é aquilo que deixa marcas e que pode te impedir de fazer aquilo que tem vontade na vida, pois o trauma inibe a energia de se viver plenamente. O comprometimento vai depender da intensidade da violência do trauma e da capacidade da pessoa, seja criança ou adulto, de elaborar psiquicamente a situação ocorrida.
     Na origem desse trauma consta também a culpa que a criança sente por não saber se foi a responsável por determinada situação de violência que tenha passado. Nesse sentido, podemos classificar de violência qualquer acontecimento pelo qual a criança tenha passado e tenha sido agressivo à ela (brigas entre os pais e com a própria criança, separação, xingamentos, chantagem emocional, drogas ou bebedeiras na frente da criança, presenciar sexo, tentativa de estupro, incentivo à prostituição infantil, exploração para o trabalho, espancamento ou utilização de objetos que ferem, depreciação constante da criança, abandono, desastres naturais, acidentes, violência urbana e doméstica em geral etc.). Citei aqui alguns casos pelos quais algumas crianças passam. A lista é interminável, porém, é bom atentar que qualquer tipo de violação no desenvolvimento normal da criança, poderá produzir um enfraquecimento do Eu e contribuir para a configuração de um sujeito inseguro, cheio de carências e neuroses que limitam a sua vida e impedem a busca pela autonomia.
     Dependendo da fase do desenvolvimento e da quantidade de tempo em que a criança passou vivendo em um ambiente traumático, ela poderá desenvolver Transtornos de Ansiedade, Transtornos Depressivos, Transtornos Comportamentais e Emocionais diversos, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, entre outros, porém, cito novamente a importância de uma avaliação psicológica profissional, tendo em vista que muitos desses diagnósticos são facilitados por uma investigação que generaliza os sintomas da criança e a coloca num patamar estatístico, sem considerar a história de vida de cada criança.
   Algumas crianças e adolescentes, vítimas de traumas, se adaptam e se recuperam de maneira surpreendente, apesar da experiência sofrível pela qual passaram. Esse amadurecimento precoce já seria uma resposta inteligente que o organismo dá para proteger o psiquismo de um sofrimento mais intenso. Mas existem vários fatores que também podem influenciar o fortalecimento de um Eu mais seguro e saudável, um deles é o carinho e a atenção da família e dos amigos na fase posterior ao evento traumático. O contato com aqueles que guardam sentimentos de amor é fundamental para a recuperação do trauma.
  Assim como, o papel da psicoterapia nesse caso é fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir sua força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança no meio do caos não elaborado anteriormente. A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será sentida no corpo/mente.


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