Em primeiro lugar vamos compreender o que é
trauma emocional ou psíquico. A palavra trauma
apresenta um conceito lesão ou ferida produzida por ação violenta e externa
ao organismo e pode ou não deixar sequelas.
Na visão da psicologia, o trauma ocorre
pela incapacidade do sujeito de superar determinado acontecimento na sua vida.
Digamos que a maneira encontrada para lidar com o evento traumático não foi a
mais adequada, pois a carga emocional foi mais intensa do que o indivíduo
poderia suportar. Trauma é aquilo que
deixa marcas e que pode te impedir de fazer aquilo que tem vontade na vida,
pois o trauma inibe a energia de se viver plenamente. O comprometimento vai depender da
intensidade da violência do trauma e da capacidade da pessoa, seja criança ou
adulto, de elaborar psiquicamente a situação ocorrida.
Na origem desse
trauma consta também a culpa que a criança sente por não saber se foi a
responsável por determinada situação de violência que tenha passado. Nesse
sentido, podemos classificar de violência qualquer acontecimento pelo qual a
criança tenha passado e tenha sido agressivo à ela (brigas entre os pais e com
a própria criança, separação, xingamentos, chantagem emocional, drogas ou
bebedeiras na frente da criança, presenciar sexo, tentativa de estupro,
incentivo à prostituição infantil, exploração para o trabalho, espancamento ou
utilização de objetos que ferem, depreciação constante da criança, abandono,
desastres naturais, acidentes, violência urbana e doméstica em geral etc.).
Citei aqui alguns casos pelos quais algumas crianças passam. A lista é
interminável, porém, é bom atentar que qualquer tipo de violação no
desenvolvimento normal da criança, poderá produzir um enfraquecimento do Eu e
contribuir para a configuração de um sujeito inseguro, cheio de carências e
neuroses que limitam a sua vida e impedem a busca pela autonomia.
Dependendo da fase do
desenvolvimento e da quantidade de tempo em que a criança passou vivendo em um
ambiente traumático, ela poderá desenvolver Transtornos de Ansiedade,
Transtornos Depressivos, Transtornos Comportamentais e Emocionais diversos,
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Estresse
Pós-Traumático, entre outros, porém, cito novamente a importância de uma
avaliação psicológica profissional, tendo em vista que muitos desses
diagnósticos são facilitados por uma investigação que generaliza os sintomas da
criança e a coloca num patamar estatístico, sem considerar a história de vida
de cada criança.
Algumas crianças e adolescentes,
vítimas de traumas, se adaptam e se recuperam de maneira surpreendente, apesar
da experiência sofrível pela qual passaram. Esse amadurecimento precoce já
seria uma resposta inteligente que o organismo dá para proteger o psiquismo de
um sofrimento mais intenso. Mas existem vários fatores que também podem
influenciar o fortalecimento de um Eu mais seguro e saudável, um deles é o
carinho e a atenção da família e dos amigos na fase posterior ao evento
traumático. O contato com aqueles que guardam sentimentos de amor é fundamental
para a recuperação do trauma.
Assim como, o papel da psicoterapia
nesse caso é fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança
inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o
terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir sua
força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma
seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes.
É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança
no meio do caos não elaborado anteriormente. A terapia vai fazer com que o
indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas
do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e
ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será
sentida no corpo/mente.
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