O preconceito, porém, sempre esteve presente no dia a dia.
Quem nunca ouviu alguém dizer que “psicoterapia é coisa de louco”? Muitas pessoas sentem-se como ameaça, como
por exemplo “terapeuta saberá muito sobre mim do que eu mesmo, descobrirá os
segredos, o que os outros irão pensar sobre mim, que vou ao psicólogo?”
Refletindo
melhor sobre este assunto, podemos perceber, que pedir
ajuda é um grande sinal de salubridade psíquica. Indica que você foi capaz de
perceber e autodiagnosticar uma forma de sofrimento. Sugere também que você
entende que isto não é apenas uma deficiência moral, uma insuficiência de sua
educação ou uma ofensa ao seu sistema de crenças. O autodiagnóstico é parte do
processo de cura. O clínico tenderá ajudar a interpretar este movimento crítico
como parte de seu desejo de transformação.
Muitas
pessoas chegam aos consultórios de psicologia, ansiosas em busca de uma resposta, uma palavra que
encerre a dor, a angústia e, às vezes, a culpa ou as dúvidas que as afligem.
Isso, porém, nem sempre é fácil, e de pouco adianta se o paciente não puder
compreender o que se passa com ele e se responsabilizar pelo próprio
tratamento, atribuindo sentidos a sua patologia.
Mas o que é ciúmes? Ciúme é um conjunto de sentimentos aversivos
(frustração, raiva, inferioridade, tristeza) indicativos da insegurança sobre
os sentimentos do(a) parceiro(a). A razão para o equívoco é porque confundimos
normal com bom. Sim, o ciúme é um sentimento normal. Todos nós sentimos ciúme
em algum grau em vários momentos ao longo da vida. Ou seja, é normal (e
inevitável) sentir-se inseguro em relação aos sentimentos do(a) parceiro(a) de
vez em quando, mas esse sentimento nunca é bom, uma vez que é percebido
como angústia.
Há quem diga que o ciúme é sinal de amor. Errado. Pode ser,
no máximo, sinal de gostar. Amar é muito mais do que simplesmente gostar de
alguém. Podemos gostar de alguém assim como gostamos de viajar. Gostar tem a
ver com a própria satisfação ao ter acesso ao objeto do gosto (a viagem, o
prato, o objeto…) e amar envolve necessariamente a troca envolvida na relação.
O amor é produto da relação, só existe se for compartilhado pelas pessoas
envolvidas nela. O resto é gostar e diz respeito à satisfação individual.
Assim, sentimos ciúme
por gostarmos do outro (processo egocêntrico) e não por amá-lo (processo
altruísta). A bem da verdade, o ciúme crescente pode simplesmente acabar com o
amor existente na relação.
Quando a namorada aceita usar uma saia mais longa a pedido do
namorado, ela está reforçando o modo equivocado dele de enfrentar o sentimento
de ciúme. As situações seguintes serão resolvidas da mesma forma e
provavelmente de modo cada vez mais intenso. É como a sensação de alívio do
usuário de droga gerada pelo consumo da substância durante a fissura. É um
processo que se retroalimenta positivamente. Quanto mais se atende às
demandas do ciumento, mais ciúme haverá. Esta é uma variável interveniente mas
a única pessoa que pode vencer o ciúme é o próprio ciumento, aprendendo a lidar
com ele.
Sendo assim, o primeiro passo para aprender a lidar com o
próprio ciúme é admitir que o sente e assimilar que a solução só depende de si.
Qualquer expectativa de solução que dependa do(a) parceiro(a) determinará o
fracasso na superação. Também é importante refletir sobre as situações
passadas, seja de relacionamentos anteriores ou mesmo do relacionamento atual;
identificar as consequências do ciúme ajuda na motivação para construir
alternativas de enfrentamento.