De
acordo com os avanços da tecnologia, a grande possibilidade, hoje em dia, o diagnóstico
precoce das doenças, e a terapêutica adequada permite, muitas vezes, o controle
de sua evolução e cura. Mesmo com esses avanços, algumas doenças, especialmente
as crônicas, promovem alterações orgânicas, emocionais e sociais, que exigem
constantes cuidados e adaptação.
Crianças
por exemplo, o esperado é que ela viva situações de saúde para crescer e desenvolver-se
dentro dos limites da normalidade, porém quando, a descoberta , na condição de
doente, como todo ser humano, tem seu comportamento modificado. Sua reação
diante dessa experiência desconhecida, que é a doença, pode lhe trazer sentimentos
de culpa, medo, angústia, depressão e apatia, e ameaçar a rotina do seu
dia-a-dia.
Nos
casos crônicos, especialmente, a criança e o adolescente têm seu cotidiano
modificado, muitas vezes, com limitações, principalmente físicas, devido aos
sinais e sintomas da doença e podem ser freqüentemente submetidos a
hospitalizações para exames e tratamento à medida que a doença progride. Assim,
a hospitalização permeia seus processos de crescimento e desenvolvimento,
modificando, em maior ou menor grau, o cotidiano, separando-os do convívio de
seus familiares e ambiente.
Existem
três fases na história da doença crônica: a fase de crise, caracterizada pelo
período sintomático até o início do tratamento, ocorrendo uma desestruturação
na vida da criança/adolescente e família; a fase crônica, marcada pela
constância, progressão e remissão do quadro de sinais e sintomas, quando a
criança/adolescente e família procuram dar autonomia e reestruturação às suas
vidas, e a fase terminal, abrangendo desde o momento em que a morte parece
inevitável, até a morte propriamente dita.
A
criança/adolescente percebe a gravidade de sua doença, conhece o tratamento e
os efeitos colaterais de alguns medicamentos, procura entender e justificar os
procedimentos realizados, assim como o desconforto das rotinas, muitas vezes
rígido, a que são submetidos, em função de sua recuperação e cura.
Sabemos
que é fundamental, na assistência à criança/adolescente, o cuidado contemple
não somente os aspectos técnicos, mas também suas necessidades físicas,
emocionais e sociais e que, através de estratégias, minimize o estresse
ocasionado pelas intervenções, tanto físicas quanto emocionais. Como
estratégias, podemos citar o brinquedo terapêutico, utilizado em algumas das
unidades pediátricas, no preparo das crianças, diante de alguns procedimentos,
permitindo o alívio de ansiedades e medos causados por experiências
ameaçadoras; brinquedos e espaços para as crianças brincarem, sendo
incentivadas atividades lúdicas; presença de pais, irmãos e colegas durante a
internação hospitalar, para que o convívio familiar e social não seja
profundamente modificado nesse processo.
Assim
como, o hospital não é visto, pelas crianças e adolescentes, apenas como espaço
de cura e dor, mas também como lugar de alegria e prazer, pelas brincadeiras
que ocorrem durante as atividades de recreação e comemorações festivas. Nessa situação, uma oportunidade para a promoção
do seu desenvolvimento, pois, nesses momentos, a criança/ adolescente passa de
uma condição passiva, que a doença e o ambiente, muitas vezes, impõem, para uma
posição ativa, que desenvolve suas potencialidades, “recuperando”, assim, sua
normalidade.
Considerando
que a criança e o adolescente vivenciam sentimentos e situações complexas no
cotidiano da doença crônica, é importante que os profissionais de saúde
conheçam essas demandas e as incorporem ao plano de cuidados, visando a uma
intervenção efetiva para a promoção do crescimento e desenvolvimento.