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quinta-feira, 4 de maio de 2017

As escolhas - SURDEZ

A surdez tem sido estudada desde o século XVII aproximadamente por médicos. Devido à época e os recursos que os mesmos dispunham, era aceitável a visão que propagavam a respeito do objeto de estudo: a surdez. Devemos considerar que a Medicina se destacou nos ramos de pesquisa sobrepondo-se a outras áreas, sobretudo a Educação.
A concepção era de que os surdos deveriam ser submetidos a experiências que pudessem provar que tais poderiam ser curados da patologia. Um exemplo foi Itard que usou até sanguessugas nos tímpanos dos surdos com o intuito de “abrir” o canal auditivo, levando um de seus pacientes à morte devido infecção.
Hoje dia, a concepção clínico-patológica não se dá da maneira citada acima (graças a deus!), suas intenções enquanto Medicina são as melhores, porém muitas delas não são aceitas pelas Comunidades Surdas do Brasil devido à descaracterização que as mesmas proporcionam impedindo o sujeito Surdo de ser Surdo, assumir sua identidade e viver de acordo com os preceitos de sua Comunidade.
Ao identificar como sujeito Surdo na visão sócio antropológica reconhece-o como Ser Humano que não precisa ser testado periodicamente para que a sua surdez seja curada, mas que possui uma Língua natural, reconhecida por Lei (10.436 de 24 de Abril de 2002), que tem traços característicos de sua Língua e que constitui uma Comunidade minoritária.
O Surdo como qualquer cidadão possui deveres e direitos, sendo ele mesmo protagonista de sua história, capaz de tomar suas próprias decisões, opinar e escolher o que será melhor para sua vida.
Não podemos permitir que a sociedade em si “enxergue” as peculiaridades da surdez como uma patologia incurável ou como uma deficiência, mas devemos esclarecer que a Surdez é uma diferença, afinal são nas diferenças que nos assemelhamos, não importando quais sejam tais diferenças, devemos de fato respeitá-las.
Se for do desejo do Surdo submeter-se a experiências da concepção Clínico-Patológica, (desde que tenha atingido a maior idade), não há problemas, o que é questionado aqui é a postura da sociedade e com ênfase da família a permitir que crianças que não estão aptas ainda a escolher qual rumo dar à sua vida sejam submetidas. Faz-se necessário inicialmente que na infância seja apresentada a Língua de Sinais para que as mesmas possam traçar elos de comunicação (o que ocorrerá na maioria das vezes entre Surdos-surdos, pois as famílias dificilmente aprendem Libras e têm interesse pela mesma), contudo o ato de comunicar-se, entender e se fazer entendido não estará comprometido.
O Surdo é um ser humano e precisa ser aceito como tal, uma pessoa isenta de moléstias, portador de pecados (concepção religiosa) e, sobretudo de patologia.

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