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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Maternidade - Sofre com as visões antigas?

As últimas décadas do século XX foram marcadas por alterações nos valores, práticas e papéis sociais desempenhados pelos indivíduos. Hoje, as mulheres das camadas médias e altas vêm conseguindo uma inserção social cada vez maior e, aos poucos, vêm alcançando uma situação de relativa igualdade com os homens, pelo menos no espaço público.
Atualmente, o adiamento da maternidade tornou-se um fato comum entre aquelas com uma carreira profissional. Existe uma coincidência entre os melhores anos na vida da mulher para a construção e consolidação de uma carreira e os melhores anos para que ela tenha filhos. As mulheres engajadas em sua ascensão profissional muitas vezes não querem interrompê-la em prol da maternidade, pois a carreira – assim como os cuidados envolvidos na criação de um filho, especialmente em seus primeiros anos de vida – exige uma dedicação quase que integral. A maternidade, desta forma, acaba por ser postergada.
O adiamento da maternidade, esperando firmar-se profissionalmente e conseguir independência econômica, se estende, em alguns casos, por tanto tempo que as condições apropriadas nunca chegam, ou somente advêm quando a gravidez passa a ser de risco, e, então, o projeto de ser mãe pode tornar-se praticamente inviável para elas.
Com o surgimento da pílula anticoncepcional e a maior eficácia dos métodos contraceptivos, pode-se dizer que as mulheres – pelo menos as dos segmentos sociais mais altos – se tornaram responsáveis por sua sexualidade, podendo optar por ter ou não filhos e por quando tê-los, ou seja, elas se perguntam o que efetivamente querem e não mais cumprem um destino que lhes cabe pelo simples fato de terem nascido mulher. Antes voltadas para os desejos dos outros – um dos pilares da subjetividade feminina –, para a satisfação daqueles à sua volta, elas se voltam agora para seu crescimento e desenvolvimento pessoais, começando a produzir sua própria palavra e a consolidar progressivamente práticas sociais transformadoras, ainda que, algumas vezes, a um elevado custo, tanto social quanto subjetivo.
No que diz respeito à opção por ter ou não filhos, apesar das mulheres percebem grande mudança na sociedade com relação à antiga visão de que, para ser completa, uma mulher tem que ser mãe. O fato de que a mulher que não tem filhos ainda é vista como uma "coitada", uma "pessoa inferior", alguém que não conseguiu cumprir o seu principal papel.
Assim, podemos dizer que algumas mulheres atualmente começam a desconstruir antigos determinismos sociais, conseguindo impor suas opções pessoais sobre essas exigências ainda tão fortemente presentes no discurso social. Parece que as opções abertas às mulheres continuam a se expandir, mesmo que essas novas escolhas ainda tragam para elas muitas dúvidas e conflitos. Podemos concluir afirmando que diferentes possibilidades começam a se abrir às mulheres de hoje. Um longo caminho, contudo, ainda necessita ser percorrido para que antigas visões que sempre constrangeram as escolhas femininas sejam de todo erradicadas.

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