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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Escola X Famílias: Integração

Compreender os momentos de transição são esperados dentro do ciclo desenvolvimento da família, porém esses eventos são estressores que podem ser vivenciados de formas diversas pelas famílias. No que se refere a transição para a escolarização,  pode provocar na família uma revisão de muito de seus valores, podendo portanto ser vivenciado enquanto um momento de crise.  
Todos nós sabemos que a escola representa um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem uma vez que constitui-se em um espaço que reúne uma variedade muito grande de conhecimentos, atividades, regras e valores. É um espaço físico, psicológico, social e cultural em que os sujeitos que ali estão organizam seu conhecimento conforme as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela.  
A escola possui objetivos e metas determinadas que são organizados com o intuito de promover a aprendizagem e efetivar o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: memória seletiva, criatividade, associação de ideias, organização e sequência de conhecimentos, dentre outras. Este espaço funciona de forma preditiva, ou seja, é um espaço que reúne momentos de atividades estruturados conforme objetivos programados e outros momentos que os estudantes interagem com os demais.
A família corresponde ao primeiro ambiente de socialização do sujeito e uma das principais instituições mediadoras dos padrões e modelos culturais. Ela é transmissora de valores, crenças, ideias e significados presentes na sociedade. Exerce uma forte influência no comportamento dos sujeitos, especialmente nas crianças. Nas experiências familiares é que são geradas as formações inicias de repertórios comportamentais, ações bem como resolução de problemas. É importante salientar que a experiência de vivencia da escolaridade é algo esperado no ciclo de desenvolvimento da família. Reconhece-se que quando há afeto, reciprocidade e equilíbrio nas relações, estes fatores podem ser considerados protetivos, contribuindo para que esta passagem tanto para a família bem como para a criança aconteça de maneira mais tranquila.
O contato com outros colegas é um fator importante para que o estudante melhor se adapte à rotina escolar. As trocas vivenciadas entre os estudantes fomenta o interesse pelas atividades e conhecimentos que são transmitidos no contexto escolar. Tal vivencia contribui para que o desenvolvimento pessoal e intelectual ocorra de maneira positiva dentro desse novo microssistema.
É importante apontar que o apoio dos pais e∕ou cuidadores da criança em relação ao acompanhamento da experiência escolar é visualizada na disponibilidade de tempo e recursos. São práticas as parentais que promovem a aproximação entre família e escola. Pode-se considerar enquanto exemplos dessas práticas: o tempo para acompanhar os deveres escolares, o suporte para tirar dúvidas, momentos para conversa a respeito de como está sendo esse momento com novos colegas e professores, acompanhamento de reuniões escolares. Esses momentos proporcionados e vivenciados contribuem para que a criança perceba que esta experiência que está tendo é significativa e que os adultos que os cuidam, importam-se e valorizam o momento que está vivendo.
Esse modelo de compreensão do desenvolvimento humano é coerente a compreensão do desenvolvimento da família ao longo do ciclo vital e as transições que esta vive. Enquanto microssistema a família sofre influência de outros microssistemas, e a entrada de um filho na escola (que também é um microssistema) tende a refletir na dinâmica relacional da família. Por isso, família e escola precisam ser pensadas enquanto sistemas que são afetados um pelo outro.
Por fim, muitas Famílias apresentam dificuldades em estabelecer rotinas, linguagem clara, afeto, garantir combinados, tende a vivenciar essa fase com menos estresse. Já famílias que passam por momentos de instabilidade (como recasamento, mudança de emprego, morte, doenças), estudos indicam que os filhos tendem a apresentar mais dificuldade de adaptação e podem apresentar comportamentos internalizantes na escola.
Acredita-se que, cada vez mais, família e escola precisam estar integradas, fomentando dialogo e parcerias para garantir que as crianças que ali estão conseguiam apropriar-se em sua capacidade máxima da aprendizagem proporcionada.
O psicólogo escolar, segundo perspectiva de Souza (1997), deve ter convivência com as crianças e a escola, podendo fazer uso de observação participante, entrevistas abertas, participação em espaços lúdicos e visitas domiciliares, visando estabelecer vínculos, criando espaços de escuta e oportunidades de dar voz aos professores, às crianças e às famílias. Ou seja, acolher e ouvir a queixa escolar, procurando desde o início fazer questionamentos que pudessem levar a uma reflexão sobre aquilo que era tido como problema, ouvindo mais de uma pessoa e realizando observações das crianças em sala e da dinâmica do cotidiano.

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