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sábado, 29 de outubro de 2016

A velhice: A realidade incômoda.

Durante a graduação, tive a oportunidade de estagiar dentro da universidade, grupo de idosos. O nome deste grupo era UAM- Universidade do Adulto Maior. Cada idoso matriculado nesta disciplina, vinculado a instituição Metodista do Sul- IPA, proporcionava um grupo operativo como espaço de reflexão.
Trabalhar com idosos, mostra a desadaptação e o descaimento que lhes são impostos. Perceber o quanto a velhice os obriga a atos de renúncia diante das novas situações vividas, levando-os a uma falta de confiança e esperança, que os tornam alienados e desmotivados perante a vida. Néri (2000, p.92) afirma que:
"Ao envelhecer, as pessoas se confrontam com novos desafios e novas exigências. As limitações físicas são acrescidas àquelas que a sociedade coloca, como os preconceitos e os estereótipos, e o grande desafio é construir permanentemente o próprio caminho e desenvolver atitudes que as levem a superar suas dificuldades, integrando limites e possibilidades de conquistar mais qualidade de vida.
            
        A velhice tem de passar por situações de aprendizagem, muitas vezes, imposta pela situação social e física em que vive, tem de aprender a ajustar sua vida à perda do vigor físico, à redução salarial e à falta de controle do que lhe restou. Obriga-se a lidar com a ausência de seus familiares, a estabelecer relações sociais com pessoas da mesma idade, e às vezes em piores condições físicas. Além disso, necessita ajustar-se a um novo comportamento sexual, desenvolver uma adequada filosofia de vida que o prepare para enfrentar a morte (BEAUVOIR, 1976).
Em alguns fatores psicológicos, físicos e sociais que nos levaram a refletir ao interesse em atuar nessa lacuna, que fica entre a perda dos familiares e a adaptação na instituição asilar. Entre esses fatores, destacam-se os seguintes:

• perda da identidade;
• baixa auto-estima;
• diminuição de atividades físicas e até a completa inatividade,por problemas de saúde ou por falta de oportunidade de realizar pequenos exercícios físicos;
• perda da capacidade laborativa uma vez que não é permitida a realização de pequenas tarefas dentro da instituição;
• perda do controle de suas próprias finanças, visto que, não é facultado aos mesmos o controle de sua própria aposentadoria;
• distanciamento do mundo externo;
• poucas oportunidades de lazer.

A carência de atenção e têm grande dificuldade em lidar com suas perdas, e ao mesmo tempo resistência a novas situações. A tristeza parece traduzir o fato de não mais ser alguém e não poder contar com seus antigos companheiros. Isto os leva a viverem no passado, como se quisessem amenizar a angústia que sentem com a realidade. Ao se sentirem excluídos do meio social, afasta-se de atividades grupais.
Por fim, neste sentido, cabe a nós profissionais da saúde mental, promover ações para melhoria da adaptação a esta situação e conseqüentemente, da qualidade de vida dos idosos institucionalizados.
A importância com a realização das sessões psicoterápicas, uma evolução do trabalho pelo vínculo de confiança que irá se estabelecer entre os membros do grupo, terapeuta, co-terapeuta e observador. Esses vínculos passarm a ser para os elementos do grupo uma forma de segurança, apoio e compreensão, surgindo então sentimentos de pertença.
        O grupo propõe a ser um espaço para dividir as angústias, como também para melhor conhecer o outro. Muitas das dificuldades enfrentadas por eles eram comuns a todos, como abandono, perda de familiares, problemas de saúde, entre outros.  Cada participante pôde, de certa forma, resgatar sua identidade, validando sua história e sua vida, ou seja, reconstituindo o “Eu”. 

Referências:

BEAUVOIR, S de. A velhice: a realidade incômoda. 2.ed. Rio de Janeiro-São Paulo: Difel/Difusão Editorial S.A., 1976.

NERI, A. L; FREIRE, S. A. (orgs.) E por falar em boa velhice. Campinas, SP: Papirus, 2000.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Como brincar com crianças surdas?

Entender o significado do brinquedo e do brincar é um caminho necessário e útil para poder conhecer a criança e o seu processo de desenvolvimento. O brinquedo não é um mero divertimento, ele é sério, e, a criança ao jogar, mergulha fundo em seu jogo, em um mundo à parte, no qual o mundo do adulto não tem mais lugar, é um outro universo. A criança é criança porque ela brinca (Volpato, 2001).
A partir das palavras do Volpato, podemos compreender através da cultura surda que já citei no blog, o brincar integram-se ao cotidiano das pessoas sob várias formas, sejam elas individuais, sejam coletivas, sempre obedecendo ao espírito e a necessidade cultural de cada sujeito. Percebe-se que o brincar é definido por uma cultura preexistente que o leva a ser uma atividade cultural que presume a aquisição de estruturas que a criança assimilará à sua maneira em cada nova atividade lúdica, ou seja, para brincar é necessário possuir os pré-requisitos para o brinquedo que são a sua cultura específica. Trata-se de uma atividade que permite atribuir outros significados à vida cotidiana.
Se a criança não sabe brincar, poderá se tornar um adulto que não sabe pensar, pois a alma e a inteligência crescem na criança por meio do jogo, do brinquedo. Portanto o objetivo da infância é treinar pelo jogo as funções, tanto psicológicas quanto físicas, pois o jogo é o centro da infância (Palladino, 1999).
Com relação à importância do brincar para o desenvolvimento infantil, a atividade implica a presença de regras e ações imaginativas, ainda que esses componentes não estejam igualmente envolvidos em diferentes modalidades de brincadeiras. No caso do faz-de-conta, a imaginação é uma característica central, que corresponde a uma crescente libertação do perceptual-imediato.
Ao considerar a surdez uma diferença, não existe uma patologia nem uma inferioridade do sujeito em relação aos demais. Essa diferença recai sobre a ênfase no desenvolvimento de recursos próprios para interagir com o meio, até mesmo por meio de uma língua própria que permita ao surdo expressar-se. A autora considera a surdez a partir do modelo sociocultural no qual ela é vista como uma diferença em relação à comunidade ouvinte e não como uma deficiência. A deficiência é algo patológico em que o insucesso na aquisição e o desenvolvimento da língua padrão oral, como nas atividades escolares, é atribuído à própria deficiência, que limita a capacidade dos sujeitos (Almeida, 2000).
A linguagem no brincar da criança surda é um tema que tem recebido pouca atenção e que merece um esforço investigativo maior, pois envolve uma forma de atividade peculiar à infância, de grande relevância para a formação do sujeito. O estudo do âmbito das ações imaginativas pode somar esforços no sentido de ampliar a compreensão do desenvolvimento na surdez e contribuir para a discussão crítica das condições sociais oferecidas para esse desenvolvimento.
Por fim, cabe salientar que o método clínico é lingüístico discursivo. O brincar, tal qual concebido, detém função clínica desde o processo diagnóstico e adentra a terapêutica enquanto técnica, instrumental ou recurso propulsor para a dialogia, como mencionou Palladino (1999) ao afirmar que o brincar emerge no espaço onde existe a palavra, como possibilidade de a criança transitar na polissemia, de operar simbolicamente. O brincar no atendimento clínico, funciona como técnica, possibilitando por meio do método clínico entender as mudanças na linguagem da criança.
Hoje em dia, pode-se observar maior aproximação entre a Psicologia, fonoaudiologia e a educação, pela expansão das ações no contexto escolar. A Psicologia vem buscando com o passar dos anos melhorar sua atuação a fim de resgatar o papel social voltado à promoção da saúde na escola. As instituições voltadas para a educação e o atendimento de pessoas com deficiências necessitam do atendimento clínico em função da sua clientela. Durante o trabalho terapêutico, fortalece a relação com a escola discutindo os dados de evolução da criança, as dificuldades que permeiam o trabalho e os progressos apresentados.
A escola deve ser vista como um local privilegiado de observação em que ocorre um encontro do psicólogo, fonoaudiólogo com as crianças, professores e famílias. Isso leva esse profissional a direcionar o olhar para as crianças que apresentam comprometimento na comunicação oral e/ou escrita com o intuito de minimizar as diferenças. Observar como as crianças brincam na escola pode ser início do tratamento, ou seja, é a partir dele que a criança começa. Por meio das brincadeiras é possível à criança projetar-se e também construir-se.

Referências:

Almeida, E. O. C. (2000). Leitura e surdez: um estudo com adultos não oralizados. Rio de Janeiro: Revinter.
Freire, R. M. A. (1990). A abordagem dialógica: uma proposta social em fonoaudiologia. Tese de Doutorado, PUC-SP, São Paulo.
Palladino, R. R. R. (1999). O jogo na atividade fonoaudiológica. Manuscrito não publicado.
Volpato, G. (2001). O que é brinquedo (3ª ed.). São Paulo: Brasiliense.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

As escolhas da vida.


As escolhas durante a vida, sempre nos apresenta de uma forma diversificada e às vezes, nos surpreendem. Há aqueles que tem suas preferências, como o inverno e aqueles que detestam, aguardando loucamente pelo verão.
Também tem aqueles, a paixão pela cidade barulhenta. Há também que não suportam uma semana sem cinemas, shoppings e confortos. Há porém aqueles que mal conseguem esperar o próximo feriadão para partir em direção a praia ou interior (campo).
Com estas “escolhas”, há também aqueles que não conseguem viver sem o companheiro, uma mulher, namorado, uma paixão. Em contrapartida, há aqueles que são solitários por opção, que relacionamentos amorosos são chatos, sofridos, e incomodativos. Mas será que é uma questão de “escolhas” ou estilo de vida?
O que será que acontece esta tal atitude, quando rejeitamos o relacionamento amoroso, traz consigo algum bloqueio, medo, limitação ou mesmo uma patologia da alma ?
Escolhas que sempre estão à nossa frente, nos deixando às vezes em um turbilhão de dúvidas e medos. Se aprendermos a escolher perceberemos que é a nossa vontade que cria nosso estado interno e externo. Se tivermos consciência disso, usaremos nossa vontade a favor de nós mesmos, pois ela pode restaurar-nos em segundos, se assim desejarmos.
A vida nada nos ensina, nós é que escolhemos o que queremos aprender com ela. E ai, vamos perceber que há jardins ainda não cuidados, e flores necessitando de cuidados nos campos interiores que nos habita.  
Reconhecer o tentar reparar o erro através de recursos disponíveis dentro de si mesmo, é ponto-chave para iniciarmos uma reforma da vida, a fim de definirmos um novo destino, uma nova conduta, uma nova estrada e assim reescrevermos a nossa estória, desta vez mais experientes. Para este fim, é necessária uma “auto reforma”. A auto reforma ou reforma pessoal, é um compromisso consigo na mudança.  
Assim como, na psicoterapia, é refletindo junto com o terapeuta, que cada ação traz resultados coerentes de acordo com o que foi feito e escolhido por cada um, não podendo ser diferente, será? No entanto, escolher exige responsabilidade e sacrifícios. Não podemos querer tudo e abraçar o mundo, mas é necessário fazer escolhas.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Crianças aprendendo com os próprios erros

Muitos pais desejam que seus filhos tenham o perfil de aluno exemplar é composto por notas altas, comportamento excelente e um ótimo relacionamento com colegas e professores. Mas, no dia a dia, sabemos que essa junção de qualidades e acertos não é fácil de ser alcançada e, na maioria dos casos, nem precisa ser.
Errar, falhar e se deparar com dificuldades faz parte do processo de aprendizagem e formação do cidadão. Os alunos precisam passar por experiências de falhar na escola, para que aprendam a se reerguer em situações mais delicadas na vida adulta. Como também, não é importante ter só a experiência de falhar, mas de poder fazê-lo em um ambiente seguro, para que a experiência possa ensinar algo ao aluno.
Cada estudante tem o seu tempo e suas caraterísticas individuais que devem ser respeitadas, por isso, não se pode esperar que todos os alunos alcancem ao mesmo tempo o desempenho almejado pela instituição. Para alguns, o percurso até a internalização do conteúdo pode ter erros e dificuldades e isso não pode ser encarado de forma negativa. O errar, não como um hábito ou um fim em si mesmo, mas como um processo natural composto por erros e acertos, é o que proporciona os aprendizados mais significativos, seja na escola ou futuramente na vida pessoal e profissional do estudante.
A difícil incumbência de não repreender os erros e sim ensinar as crianças e os jovens a lidarem com as falhas e dificuldades presentes no dia a dia escolar, faz parte da lista de desafios dos educadores nos dias de hoje.
Todos nós já erramos em algum momento da vida e até os gênios como Albert Einstein e Leonardo da Vinci erraram. Porém, o que fez com que eles se tornassem referência em toda a humanidade foi a capacidade de observar os próprios erros e a partir deles encontrar os grandes acertos, em vez de punir-se ou culpar-se por terem errado.
Sendo assim, o erro e a falha são naturais dos seres humanos e, desde que conduzidos de forma construtiva, podem contribuir e muito para o crescimento e formação integral do aluno. Por isso, é preciso que os educadores insiram em suas práticas pedagógicas a valorização do erro, permitindo que o estudante obtenha novos aprendizados a partir de onde ele falhou.
Parte-se do pressuposto de que a desmotivação interfere negativamente no processo de ensino-aprendizagem, e entre as causas da falta de motivação, o planejamento e o desenvolvimento das aulas realizadas pelo professor são fatores determinantes. O professor deve fundamentar seu trabalho conforme as necessidades de seus alunos, considerando sempre o momento emocional e as ansiedades que permeiam a vida do aluno naquele momento.
Satisfeitas as necessidades fisiológicas e de segurança, surge a social ou de participação. Como o homem é um ser social, precisa ter um grupo de convívio em que é aceito e desempenha um papel. Porém, esse papel não é qualquer um, surge, então a necessidade de estima, tanto a auto-estima como o reconhecimento pelos outros. A satisfação dessa necessidade produz sentimentos de confiança em si mesmo, de prestígio, de poder, de controle.
Quando não satisfeita pode produzir comportamento destrutivo ou imaturo para chamar atenção. O indivíduo pode se tornar rebelde, pode negligenciar seu trabalho ou discutir com os companheiros.
Colocar limites, também, é fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direito dos outros; dizer sim, sempre que possível, e não sempre que necessário; mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não; ensinar a tolerar pequenas frustrações, no presente, para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade. Muitos pais pensam, erroneamente, que dar limites é bater nos filhos, para que eles se comportem; ser autoritário; deixar de explicar o “porque” das coisas, apenas impondo “a lei do mais forte“; gritar com as crianças para ser atendido; invadir a privacidade a que todo ser humano tem direito etc.
             Assim como, é possível notar que as crianças passam por fases durante seu desenvolvimento e estas devem ser respeitadas pelos pais, professores, amigos, enfim, por todos à sua volta. É importante que, principalmente, os pais conheçam essas etapas do desenvolvimento, para melhor compreender seus filhos e suas atitudes. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A importância do papel do Psicólogo no tratamento do Câncer de Mama.

Apesar dos avanços da medicina no tratamento do câncer e do aumento de informações veiculadas pela mídia, o câncer ainda equivale, muitas vezes, a uma "sentença de morte", comumente associado a dor, sofrimento e degradação. O texto de hoje, nos mostra que o câncer sempre foi percebido como algo vergonhoso, sujo, contagioso e sem cura, sendo uma doença tradicionalmente relegada pela sociedade. O diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade. Além do rótulo de uma doença dolorosa e mortal, o paciente comumente vivencia no tratamento, geralmente longo, perdas e sintomas adversos, acarretando prejuízos nas habilidades funcionais, vocacionais e incerteza quanto ao futuro.
Muitas fantasias e preocupações em relação à morte, mutilações e dor encontram-se presentes. No câncer de mama, além das preocupações citadas acima, encontram-se presentes outras angústias ligadas à feminilidade, maternidade e sexualidade, já que o seio é um órgão repleto de simbolismo para a mulher. Sendo assim, o anúncio desse diagnóstico, seguido pelos tratamentos, pode ocasionar abalos significativos na vida da paciente. Dessa forma, essa patologia é considerada um dos maiores problemas de saúde pública associado ao câncer em mulheres nesse país. No entanto, é um tipo de câncer que possui uma significativa possibilidade de sobrevida quando detectado precocemente.
Qualidade de vida é aqui definida como "um conceito multidimensional que é mensurado como uma avaliação subjetiva do status de saúde e do bem-estar em diferentes setores da vida, incluindo componentes físicos e psíquicos. Dessa forma, a atuação do psicólogo é fundamental ao longo do tratamento, já que sua prática visa o bem-estar emocional da paciente, contribuindo assim para uma boa qualidade de vida.
A partir do diagnóstico confirmado, a paciente vê sua vida tomar um rumo diferente do que poderia imaginar, já que o câncer pode acarretar alterações significativas nas diversas esferas da vida como trabalho, família e lazer. Dessa forma, acaba trazendo implicações em seu cotidiano e nas relações com as pessoas do seu contexto social.
Essa realidade que impera faz com que a paciente e seus familiares assumam papéis que não foram escolhidos e sim impostos pela fatalidade do adoecimento, interrompendo planos, ideais e perspectivas futuras. A constante adaptação às mudanças ocorridas devido ao adoecer torna-se necessária.
Por sua vez, saber que tem uma doença sem causa definida traz ainda mais angústia e culpa. Vislumbrar o futuro passa a ser muito doloroso, já que os tratamentos propostos implicam em possível mutilação, náuseas, vômitos, alopecia, além de alterações sexuais e reprodutivas, como a menopausa precoce.
 As questões mais comum são apresentadas e abordadas por ela: perda do controle sobre a vida, mudanças na auto-imagem, medo da dependência, estigmas, medo do abandono, raiva, isolamento e morte. O medo da progressão da doença e da recidiva6 são outras preocupações constantes.
Assim como, o psicólogo atuante na área da saúde visa manter o bem-estar psicológico do paciente, identificando e compreendendo os fatores emocionais que intervêm na sua saúde. Outros objetivos do trabalho desse profissional são prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pelo câncer e seus tratamentos, levar o paciente a compreender o significado da experiência do adoecer, possibilitando assim re-significações desse processo. Em sua atuação, o psicólogo deve estar atento também aos distúrbios psicopatológicos, como depressão e ansiedade graves. Sua prática é exercida em todas as etapas do tratamento, como dito anteriormente, habilitando o paciente a confrontar-se com o diagnóstico e com as dificuldades dos tratamentos decorrentes, ajudando-o a desenvolver estratégias adaptativas para enfrentar as situações estressantes. Por fim, o principal trabalho do psicólogo serão alcançados na medida em que esse profissional vai compreendendo o que está envolvido na queixa do paciente, buscando sempre uma visão ampla do que está se passando naquele momento não escolhido da vida dele

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Rejeição.

        A rejeição é um sentimento tão intenso quanto à dor, é natural sentir-se sozinho e abandonado, mas este sofrimento pode ser amenizado.
          A dor causada pela rejeição talvez seja um dos sentimentos mais difíceis de ser superado.Trata-se de uma dor tão intensa que se assemelha a dor física, mas não há medicamento que a cure ou comportamento que a previna. Não há uma resolução rápida, prática e pontual que possa dar conta dessa sensação. 
    O sentimento da rejeição pode aparecer a qualquer momento e em qualquer área da vida interpessoal: entre casais, amigos, família ou no ambiente escolar e de trabalho. Trata-se de um sentimento natural e cada pessoa sente a rejeição de uma forma diferente, variando de acordo com a educação recebida, a cultura e sociedade em que está inserida e a personalidade individual. 
          Todos as pessoas, em algum momento da vida,  já foram rejeitadas um dia: como namoro; no grupo de pessoas em que não se sentiu aceito; entre outros.
        Ainda que esse processo seja doloroso para todos, alguns conseguem superar esse fato com maior facilidade, outros sentem dificuldade e algumas vezes por não conseguir lidar com isso acabam se fechando para a vida.

Por que nos sentimos rejeitados? 
        O desejo de ser aceito e incluído em grupos sociais ou o desejo de viver um relacionamento amoroso é importante para o indivíduo, pois são nessas relações que ocorrem diversas experiências e vivencias para o amadurecimento humano. Entretanto, em alguns casos há uma excessiva importância dada à opinião e aos valores dos outros e a pessoa torna-se dependente de aprovações externas. Passam a agir de acordo com o que acreditam ser o desejo do outro, tendo a ilusão de que desta forma estarão seguras da solidão e de um possível abandono. Não é raro perceber que deixam de fazer coisas pelo medo de ser rejeitada, até por pessoas que não têm nenhuma ligação emocional.
     Com a falta de estrutura interna necessária para lidar sozinha com aquilo que pensa, sente ou deseja, a autoestima da pessoa tende a permanecer rebaixada, ficando mais vulneráveis à rejeição.
        Em geral a pessoa com a dor da rejeição sente-se ansiosa, magoada, ofendida ou com raiva de si ou do outro. Muitas vezes busca a qualquer custo entender o porquê da rejeição, e como não encontra nenhuma explicação que lhe faça sentido naquele momento, sente-se culpada e acaba se desvalorizando (“Será que eu falei ou fiz alguma coisa que a outra pessoa não gostou?” ou “Acho que não sou boa o suficiente”). Em alguns casos surgem também desejo de pose ou vingança (“Não vou admitir que aquela pessoa fique com mais ninguém”) ou ideias suicidas.  É preciso estar atento a estes sinais, pois muitas vezes a dor torna-se pesada demais para ser suportada sozinha e procurar ajuda para o tratamento adequado é essencial.
         Por fim, é natural que diante da rejeição surjam sentimentos de tristeza, solidão e abandono, mas é preciso estar consciente de que atribuir ao outro a responsabilidade integral pelo próprio bem estar, é sentir-se rejeitado cada vez que algo for negado. Acreditar que a outra pessoa deve assumir e suprir as suas próprias necessidades retrata uma atitude quase infantil e inconsciente de acreditar que são elas que devem comandar sua vida. 
         A psicoterapia poderá ajudar quem se sente rejeitado a compreender e elaborar este sentimento, entender que às vezes o outro pode dar ou não a resposta que deseja e como superar esta frustração. 
O processo psicoterapêutico poderá ajudar a pessoa a se tornar mais independente e responsável pelo seu próprio potencial para ser feliz. Por meio do amadurecimento e da descoberta de quais são os seus verdadeiros desejos e valores, este é um processo que auxilia na construção de recursos internos para lidar com limites e com o sentimento de frustração e impotência. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Crise ou Oportunidade?

A Crise atual, seja econômica e política, inflação, desemprego, juros altos, inflação, etc. Não está sendo fácil viver no Brasil neste momento. Cada vez mais, vemos pessoas e famílias afligidas pela incerteza causada por esse cenário atual.
 Muitos já estão desempregados e outros estão assombrados pelo fantasma do desemprego, o que é terrível para a saúde mental e, com isso, as pessoas começam a adoecer. A tensão impera, o estresse é constante e a desesperança começa a tomar os pensamentos.
Os profissionais da saúde já começaram a notar um aumento da busca por tratamento. Algumas pessoas relatam estarem mais ansiosas, preocupadas, tensas e irritadas. Já outras se queixam de estarem se sentindo sem energia, sem esperanças e cheias de pensamento negativos.
Ninguém quer ou merece viver assim! Mesmo estando desempregado ou passando por uma situação difícil é preciso enxergar a luz no fim do túnel. Precisamos aprender a olhar para dentro e buscar uma forma de acalmar os ânimos. Será que um momento de dificuldade realmente significa a ruína completa? Será que a preocupação com algo que nos foge ao controle ajuda?
É tempo de respirar fundo, aquietar a mente e focar nas possibilidades. Deixar-se levar por emoções e pensamentos ruins não trará solução para qualquer problema e pode tornar tudo ainda mais difícil.
Muitas vezes, vemos pessoas agirem assim. Uma falha na mente não nos permite perceber o que, realmente, está acontecendo. É como tentar resolver um problema com um outro. Isso fica muito claro quando pensamos naquelas pessoas que usam o álcool ou outra droga para, repetidamente, “se curar” dos problemas. Além de não de resolverem o problema, acabam criando outros, como a dependência destas substancias.
Podemos aprender a perceber a vida e a nós mesmos com outros olhos. Podemos nos desvencilhar de padrões de pensamento e reações emocionais que não nos trazem benefício algum. Como? Com o auxílio que a psicologia, que pode nos proporcionar um aprendizado que nos é benéfico. Com a ajuda dela, podemos pensar em novas de formas enfrentar situações difíceis, buscar as possibilidades e desbravar outros caminhos.


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Insatisfeito com o trabalho.

Se você é daqueles que está com o sentimento “estranho” no ambiente/local no seu trabalho. E deve estar se perguntando, os motivos e tentando encontrar respostas por este sentimento de “estranheza”
Levar no consultório, sintomas de insatisfação no trabalho e ás dificuldades em lidar com seus respectivos líderes e funcionários. Muitas vezes lidar ou gerenciar outras pessoas não é uma tarefa fácil, mas é totalmente possível dar conta das relações profissionais e sociais.
O que também podemos notar, principalmente entre os executivos, está relacionada às questões sociais, conflitos entre funcionários, “como devo lidar com um funcionário teimoso?” “como devo agir com aquele funcionário que não está efetuando seu trabalho de forma adequada?”. Ser assertivo nessas horas pode ser mais difícil do que imaginamos.
Conflitos entre funcionários ou líderes sempre geram sentimentos ruins, aversão, ansiedade e estresse. Mas, antes de julgarmos as pessoas ao seu redor, pense: como você se relaciona no trabalho? E quais os motivos que te geram estresse?
Sempre pensamos que o problema está no outro, mas às vezes precisamos analisar nossos comportamentos e refletir sobre nossas condutas. 
No trabalho, mais do que na vida pessoal, é imprescindível saber lidar com as diferenças, pois é no trabalho que passamos a maior parte do tempo. Com isso, aprender estratégias e saber lidar com as situações incontroláveis e até mesmo com a ansiedade que isso tudo pode gerar, é um dos caminhos que te levam ao sucesso e satisfação pessoal.
Sendo assim, aceitar as diferenças também faz parte de um trabalho árduo, pois o ser humano tende a querer as coisas à sua maneira. Aceitar que as pessoas são diferentes e que podem ser competentes, cada um ao seu modo, pode facilitar sua vida profissional.
Na Psicoterapia, podemos destacar nossas frustações, e refletir como gostaria de trabalhar? Como gostaria, o seu relacionamento com teus colegas? E a vida pessoal? Misturado no meio de questões no trabalho? Tente sempre enxergar as diferenças de desempenho e como fontes de aprendizado, afinal “será que efetuando o trabalho dessa forma, conseguiremos ser mais eficientes?”. 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dificuldade de relacionamento amoroso.

Hoje em dia, nos dá a sensação que é TUDO muito rápido e precoce. Entre duas pessoas, se encontram, sentem-se atraídas, conversam, trocas de olhares e “ficam”. A “ficada” por acontecer naquele dia, no instante da troca de olhares. Mas pode também avançar nos próximos encontros, por dias, semanas. Muitas pessoas já viram isso acontecer com pessoas próximas ou já passaram por essa situação.
Quando acontece de uma forma distante, pela rede social ou sem muitas explicações e sem motivos claros, pode deixar na outra pessoa algumas marcas. Muitas perguntas ficam sem respostas e esse silêncio dá margem para que várias inseguranças surjam. A pergunta “o que será que eu fiz de errado? ” soa cada vez mais forte no imaginário, trazendo angústia e tristeza.  No consultório é freqüente o número de homens e mulheres inseguros em relação ao seu próprio valor, com medo da rejeição e do abandono. E isso tende a ser uma bola de neve, quanto mais inseguro, mais medo de se relacionar e se abrir verdadeiramente para uma relação.
Antigamente, do tempo da minha vó e dos meus pais. Não tinham acesso com tanta facilidade, como hoje nós temos. A tecnologia avança tão rápido. Hoje em dia, muitas coisas de forma rápida e descartável, como comida, fotografia, vídeo, roupas, etc. Usufruímos das coisas sem precisar esperar muito ou se esforçar demasiadamente para tê-las.  
Nesse contexto muitas vezes acabamos transferindo esse comportamento também para as nossas relações. Quem aborda bem esse assunto é o sociólogo Zygmunt Bauman, que aponta a fragilidade das relações afetivas atuais. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.
A proximidade entre duas pessoas sugere que haverá um relacionamento estável e isso pode incomodar, porque o compromisso exige um esforço real, uma capacidade de lidar com o momento pós-excitação da novidade. Quando nos compromissamos com algo significa que nos importamos com a outra pessoa, que estamos juntos em várias situações, que iremos conhecer os amigos e a família, ou seja, precisaremos nos doar e nos envolver de verdade com o outro, num relacionamento real, com rotina, desagrados e alegrias.
Uma relação também indica que em algum momento teremos que entregar uma parte nossa ao outro e essa parte não temos como controlar, é preciso confiar, confiar que o outro não vai me abandonar, que vai me respeitar, vai ser leal, vai querer o meu bem. Esse momento pode ser muito difícil porque não há garantias que um relacionamento dará certo ou não, e isso é da natureza das relações, só se sabe vivendo.
As relações amorosas são um grande exercício para o amadurecimento pessoal, quando gostamos de alguém temos que nos esforçar para entender a pessoa que amamos, sair da nossa perspectiva e olhar um pouco pela perspectiva do outro, encontrar soluções diferentes para os conflitos, fazer acordos, aceitar o que não aceitaríamos há um mês. Tudo isso contribui para o nosso desenvolvimento pessoal e emocional.
Sendo assim, tudo isso prova que manter relações estáveis e saudáveis fazem bem e promovem a felicidade. Quando há a vontade genuína de se relacionar é preciso entender as barreiras conscientes e inconscientes que impedem um relacionamento real. Às vezes construímos crenças no passado que nos atrapalham hoje, fatores inconscientes podem estar atuando na nossa vida, é preciso querer entende-los e ressignificá-los.
O processo do autoconhecimento é fundamental para mudarmos padrões que não servem mais e nos abrirmos para as mudanças que desejamos. A psicoterapia pode ser uma importante aliada nesse processo, pois ajuda a nos tornarmos mais flexíveis e mais generosos  conosco, construindo uma vida com mais amor e bem-estar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Suicídio- Como lidar?

Vi esses dias uma noticia, que não é tão nova assim. No Reino Unido, uma jovem de 21 anos, Vicky Harrison, matou-se com uma overdose de remédios, após ter experimentado mais de 200 tentativas fracassadas de arranjar emprego. Como estaria ela agora se alguma figura próxima tivesse reconhecido o perigo em que se encontrava e tivesse soado o alarme? Certamente terão sobrevindo preocupantes indícios que foram invariavelmente negligenciados.
Fonte da notícia: 
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100423_jovemsuicidio_ba.shtml

A palavra suicídio assusta, não ? Por que acabar com a própria vida é um dos maiores paradoxos da existência humana ?. Jamais parece encontrar-se uma resposta. No entanto, apesar de todo o avanço tecnológico e civilizacional, o suicídio tem aumentado de forma assustadora, não destrinçando a origem social, económica ou cultural.
Os motivos comuns do suicídio encontram-se em diversas razões: depressões profundas e continuadas, transtornos da alimentação (anorexia ou bulimia), estados mais graves de afastamento da realidade, dependências de tóxicos e de álcool, sentimento de ser um encargo ou incómodo, desânimo incessante, dificuldades familiares, problemas escolares, tentativas anteriores de pôr termo à vida, obstáculos laborais, contrariedades sentimentais, reveses financeiros, enfermidades corporais crónicas, estados de enorme isolamento social e, frequentemente, a suspeita de que se é o único do mundo a sofrer daquela forma, o que intrapsiquicamente faz parecer obsoleto procurar ajuda. Por vezes, mais do que um destes factores cooperará no estabelecimento da fatal decisão.
Com o avanço de tecnologia, cresce cada vez mais, principalmente a comunicação de redes sociais e generalização da internet, sobrevêm perigos acrescidos. Não porque estes utensílios modernos sejam perniciosos em si, mas porque se ampliam as possibilidades dos indivíduos em risco, para o bem e para o mal. Tanto é mais acessível encontrar fontes de auxílio, como são desimpedidas as vias para o intercâmbio de patologias e depressões, amplificando-as. Por outro lado, em vários casos já documentados, a divulgação de casos de suicídio gera um fenómeno de imitação, especialmente quando a vítima é célebre, o que nos faz deter para meditar na sociedade da informação.
De que forma podemos ajudar a regredir esta fatalidade? Aumentando o nosso estado de alerta, de vigilância, de atenção. Observando indícios de tristeza, isolamento, mudanças de humor intrigantes, diálogos sobre a temática da morte, desmazelo continuado, desespero, depressão, murmúrios ou ameaças de suicídio, más notas ou maus resultados sucessivos.
Sendo assim, a partir do momento em que se identifica alguém em risco de cometer suicídio, deve ser procurada ajuda de forma imediata. Perante estruturas psicológicas que se encontram profundamente afectadas, poderá ser necessário recorrer ao uso de fármacos, ou até ao internamento, designadamente se existem planos e meios disponíveis para consumar o acto, ou se for estimado que a família da pessoa em risco não conseguirá envolver-se de forma proveitosa na recuperação do seu parente perigosamente perturbado. Em muitos casos, o acompanhamento psicoterapêutico regular terá efeitos benéficos manifestos, pois quando alguém crê que a própria extinção é a única saída, necessita de apoio para encontrar uma sã alternativa.

sábado, 23 de julho de 2016

Reflexão: Contos de fadas como ferramenta Psicoterápica

O texto de hoje será uma reflexão sobre os contos de fadas como ferramenta importante simbólica no processo psicoterápico analítico. Com esta reflexão, tem o grande objetivo fazer uma leitura simbólica do feminino nas mulheres contemporâneas. Podemos pensar: “Será  que diante da necessidade atual, as mulheres integram o masculino com um meio para se manter em evidência nos novos papéis por elas desempenhados?”. Contudo, quando a mulher não integra este masculino de maneira adequada, sufoca seu feminino, gerando conflitos a respeito de si mesma e no relacionamento com os outros, acarretando dificuldades de adaptação, esbarrando especialmente nos relacionamentos.
No decorrer do tempo a história das mulheres mudou, partiu dos papéis desempenhados em casa para o espaço público das cidades, do trabalho, da política, da guerra, resumidamente do papel de vítimas para ativas, aquelas que insistem nas relações entre os sexos e integra a masculinidade.
Em outro texto, comentei sobre os conceitos principais sobre o feminismo. Destaco novamente, que é por certo uma das principais fontes contemporâneas das transformações relacionadas ao despertar do feminino, que evidenciou muitas conquistas aos direitos das mulheres, mas que ao mesmo tempo despertou consideráveis dúvidas e conflitos em mulheres a respeito de si mesma, que determina que o interesse da mulher é pela alma, ou seja, “para ela, tem haver com sua noção de identidade; portanto é mais uma busca interior do que uma tentativa de encontrar seu lugar no mundo em geral”.
Nos dias atuais, o movimento das mulheres em buscar seu espaço ideal, um equilíbrio e uma integração com os princípios universais femininos. Ser mulher nos dias de hoje implica em buscar sua alma, atualmente é natural que as mulheres ocupem as mesmas posições que os homens no mercado profissional, e ao mesmo tempo, homens e mulheres também estão dividindo as responsabilidades pelo lar e pela família.
É importante ressaltar que as mudanças atuais não atingem todos os indivíduos ao mesmo tempo nem com a mesma intensidade, em geral as mulheres estão presentes nas mudanças, de coração e alma expressando vivências com conflitos, culpas e questionamentos, buscando caminhos em suas próprias trajetórias, com objetivo de encontrar seus próprios valores em todas as esferas da vida.
Certas vivências são bastante dolorosas e consequentemente muito difíceis de serem contidas pelo ego, a partir do momento que não se consegue lidar com estas situações emocionais, pode haver a possibilidade destas situações serem reprimidas, negadas ou submetidas a qualquer outro mecanismo para serem afastadas da consciência, que por sua vez, continuará com a necessidade da verdade e manterá a produção do sofrimento psíquico até que se dilua e integre estas situações. Com isso, se reforça a necessidade de um envolvimento mais profundo e corajoso com as forças femininas durante o processo psicoterapêutico com mulheres, proporcionando a devida estrutura para um enfrentamento destas vivências reprimidas, negadas ou mascaradas.
Através da psicologia analítica, podemos abrir possibilidades às mulheres buscarem bem estar e qualidade de vida, sem a necessidade de alterar sua rotina, mas sim, conhecendo-se um pouco mais. Visto que a teoria Junguiana busca o equilíbrio através do passeio por todas as possibilidades do indivíduo, podendo adequar o comportamento dentro da situação vivida, sempre procurando conhecer as polaridades.
Em todas as etapas do desenvolvimento humano, somos envolvidos por contos e mitos passados de geração à geração, entramos em contato com estas estórias na escola, em reuniões familiares ou em brincadeiras entre crianças, ou seja, de alguma forma, sempre entramos em contato com o universo simbólico dos contos, mitos e ritos. Os contos de fadas nos são apresentados sempre com seus fabulosos trajes simbólicos e com suas requintadas, porém, simples forma, contudo eles nos mostram as linhas básicas do destino humano, a evolução pela qual todos os indivíduos devem passar. Racionalmente os contos de fadas não são compreendidos desta maneira, muitas vezes são vistos apenas como tolas histórias infantis, porém, eles assim como os sonhos, penetram nas camadas inconscientes e ali deposita sua mensagem primordial e ao ser tocado simbolicamente esta semente germina trazendo possibilidade de um restabelecimento saudável do caminho da psique.
            Para compreender melhor, citarei alguns exemplos dos temas presentes nos contos de fadas com o objetivo de demostrar o quanto os enredos e tramas dos contos estão ligadas á dinâmica vivenciada por todos.

A Justiça: O mundo real raramente é justo, mas nos contos de fadas os bons são quase sempre recompensados e os maus severamente castigados. Nem a própria morte consegue intrometer-se num final feliz e justo. A consciência de que existe possibilidade de transformação através da justiça natural é uma parte importante do encanto dos contos de fadas.
As Fadas: As fadas fazem parte da cultura popular de muitos países e, no passado, era muito vulgar acreditar-se nelas, em especial nas áreas rurais. Dizia-se que eram espíritos ou anjos cadentes ou descendentes de crianças que Eva escondeu de Deus nos sonhos, ou remanescentes de uma raça primitiva de seres humanos. De um ponto de vista psicológico diremos que, nos mitos como nos contos, essas personagens são figuras arquetípicas que à primeira vista, não tem nada a ver com seres comuns. Podem estar associadas à figura da mãe arquetípica, à velha sábia, ou à representação da Amina positiva.
As Bruxas: Aparecem como fada má. Encarnam o orgulho ferido e o rancor. Podem representar aspectos da Sombra; a personificação da Anima negativa, demoníaca; aquela que tem o poder da destruição e dos feitiços.
O verdadeiro amor vence tudo: Nos contos de fadas é o amor e não o dinheiro, a posição social e poder que fazem girar o mundo. Um príncipe pode casar com a criada da família, ou a prisioneira de uma bruxa. Nem mesmo aqueles que asseguram que nunca se casarão, resistem ao amor; o seu destino será apaixonar-se. No plano psicológico, isso pode significar; para uma mulher e integração do Animus positivo e para o homem, a integração da Anima positiva. A grosso modo significa a possibilidade do estabelecimento de ligações afetivas.

Ao considerar, mediante a teoria analítica, que todo individuo nasce com todos os núcleos arquetípicos e são os complexos afetivos que interferem na estrutura deste indivíduo, tendo assim importante papel no desenvolvimento da personalidade, podemos afirmar que trabalhar estes complexos afetivos durante a psicoterapia, proporciona o reencontro com a essência, libertando a pessoa, submetida ao processo, de seus padrões egóicos.
No trabalho psicoterápico, os contos de fadas podem ser utilizados como um elemento facilitador do processo, contribuindo com o paciente em seu desenvolver. O fundamental neste momento é o significado simbólico que o conto terá no momento em que é colocado, já que de fato, conforme Silveira (1997), os contos tem origem nas camadas profundas do inconsciente e pertencem ao mundo dos arquétipos, todos fatores que interessam e contribuem com a psicologia analítica.
Assim como, as mulheres ao ouvirem a história, poderão ser levadas a uma mudança pessoal, isso através das imagens que esta história conduzirá ao seu inconsciente e desta forma trabalhar seus conteúdos e resolver problemas eventuais
Esta integração pode ser positiva, possibilitando a mulher seu verdadeiro despertar feminino através desta integração, além de manter as mulheres as conquistas já atingidas e as novas possibilidades que se abrem, porém, este processo não é simples assim para todas as mulheres, para algumas esta masculinidade torna-se capaz de sufocar o feminino, criando barreiras para que sua essência flua e gerando conflitos a respeito de si mesmas e que em geral esbarra principalmente nos relacionamentos, sejam amorosos, afetivos ou profissionais. Neste contexto se faz necessário quebrar as barreiras criadas dentro desta condição, diluindo assim os entraves resultando na maturação de suas relações com os outros e consigo mesma. Parte-se do principio que esta quebra não é simples assim, afinal, estamos tratando de aspectos subjetivos difíceis de serem alcançados, especialmente pela potencialidade da rigidez e racionalidade características nas mulheres com estes conflitos ativados.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Transtorno Alimentar, como lidar?

        No período da graduação, do curso de Psicologia, tive a oportunidade em um dos estágios que fazem parte da grade curricular, em participar no grupo chamado  Transtorno Alimentar. Neste mesmo grupo é conversado junto com outros profissionais (psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, estagiários etc), buscando entender os sintomas que levaram os pacientes a chegar à situação que esta sendo vivenciada.
Para os que não fazem ideia, do que se trata, é muito sério, os transtornos alimentares são quadros psiquiátricos caracterizados por uma grave perturbação do comportamento alimentar, sendo a anorexia e a bulimia nervosas os dois tipos principais. A anorexia nervosa pode ser definida como uma recusa sistemática em manter o peso no mínimo normal adequado à idade e altura, acompanhada de uma perturbação no modo como o indivíduo vivência seu peso e sua forma física. Já a bulimia nervosa caracteriza-se por episódios de comer compulsivo, associados a sentimento de descontrole sobre o comportamento alimentar.
Nos dois casos o peso e o formato corporal exercem marcada influência na determinação da auto-estima dos pacientes, que via de regra encontra-se rebaixada. Acredita-se atualmente que exista uma etiopatogenia multifatorial, com hipóteses da influência combinada da dinâmica familiar, do meio cultural e de aspectos da personalidade do indivíduo como fatores concorrentes para a predisposição, instalação e manutenção dos distúrbios.
A influência do ambiente familiar sobre os transtornos alimentares é uma das dimensões mais valorizadas desde que essas enfermidades foram descritas, sendo que fatores familiares podem contribuir tanto para o desencadeamento como para a manutenção do transtorno.
O mais importante disso tudo, é compreender sobre o tratamento do paciente, que deve envolver uma equipe  multidisciplinar, incluindo o médico da atenção primária, nutricionista, e um psicólogo, os quais devem se comunicar regularmente. O papel do médico da atenção primária é o de coordenar o tratamento, para gerir as complicações médicas e para ajudar a determinar a necessidade de internação hospitalar.
O papel do nutricionista é monitorar o peso do paciente, controlar a ingestão nutricional e sua condição física, usando um padrão nutricional para obter a relação entre peso e a ingestão de alimentos como uma ferramenta para ajudar o paciente a ver a necessidade da importância da boa nutrição para o tratamento.
As intervenções de tratamento imediato, tanto para a anorexia e a bulimia são destinadas a normalização nutricional e recuperação de padrões normais de comer. Os melhores resultados iniciais ocorrem com a restauração do peso e psicoterapia individual e familiar, assim que o paciente estiver clinicamente apto a participar. A psicoterapia eficaz não pode ocorrer enquanto o paciente estiver no modo de inanição ou debilitado.
Para os pacientes que se recusam a terapia psicológica, o objetivo do médico ou o do nutricionista deve ser o de ajudar o paciente a perceber a gravidade da situação e trabalhar com ele para aceitar o tratamento psicoterápico.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A dor da decepção, é bom?

                Nós seres humanos, infelizmente, temos o costume de empregar termos sem realmente refletir sobre o sentido ou significado. E é assim que damos uma conotação positiva ou negativa a determinadas palavras, sem que verifiquemos se essa conotação é adequada ou não. O problema é que palavras nunca são inofensivas, já que as que usamos e escutamos influenciam nossa forma de agir, de pensar e de ver o mundo à nossa volta.
           Em outro texto, falei sobre o poder das palavras que usamos e torna importantíssimo escolher e empregar conscientemente as palavras que falamos ou escrevemos e filtrar com atenção as palavras que escutamos. Temos que ter cuidado especial porque temos também a tendência de confundir o que é agradável com bom e o que é desagradável com ruim, o que é um equívoco claro. O parto de uma criança, por exemplo, pode ser uma experiência desagradável para a mãe, já que é não raramente acompanhada de dor e muito esforço físico e psíquico. Todavia somos unânimes de que o nascimento de uma criança é uma coisa boa. Bom, nesse exemplo é facilmente perceptível que o desagradável não tem que ser necessariamente ruim, mas isso nem sempre é fácil de se reconhecer em inúmeras situações cotidianas, fazendo com que alimentemos diariamente essa confusão terminológica, trocando as bolas e atribuindo uma conotação negativa a algo bom só por ser desagradável, como é o caso da DECEPÇÃO.
            É natural que as emoções,  tristes, frustrados, desapontados ou até irados quando somos decepcionados… Sofrer uma decepção é uma experiência desagradável, às vezes até extremamente dolorosa, principalmente quando nos decepcionamos com alguém próximo, com quem temos uma relação mais estreita. Mas a decepção é uma coisa ruim? Não, não é. Pelo contrário: decepcionar-se é uma coisa boa, importante para o amadurecimento humano, já que se decepcionar significa perder a ilusão em relação alguém ou alguma coisa, quando algo inesperado destrói nossas expectativas.
A palavra “DECEPÇÃO” vem do latim deceptio, que significa engano ou dolo. Ou seja, quando decepcionamos alguém, o enganamos, quando nos decepcionamos, fomos enganados ou enganamos a nós mesmos. Agora responda: não é bom se livrar de um engano, de uma ilusão, de uma farsa, de algo que achávamos que era de uma forma, mas que na verdade sempre foi diferente?
            Uma pessoa decepcionada reage de acordo com o princípio “fui enganada!”, mas normalmente a “culpa” nem é (somente) do outro. Nós é que insistimos em ver algo como queremos ver, criando nossa própria realidade de forma conveniente para nós. Um bom exemplo é quando nos apaixonamos e vemos tudo de forma colorida, sem questionar e sem ver as coisas como são, projetando no outro aquilo que queremos e confundindo a ilusão da paixão com a realidade. Quando a paixão passa e vemos quem o outro é de verdade, ficamos decepcionados e nos sentimos enganados, o que é legítimo e compreensível, mas é importante se perguntar: enganado por quem? Pelo outro ou por nós mesmos? É importante entender que você mesmo é responsável pelas decepções que você vive.
          Assim como, a escolha é nossa. Quanto maior a nossa expectativa em relação a elas, maior a probabilidade de nos decepcionarmos. Por que isso acontece?
           Se quisermos ser amados ou admirados por todos, vamos nos sentir decepcionados em muitas oportunidades; também ficamos frustrados quando não fazem conosco ou para nós, o mesmo que acreditamos ter feito de bom aos outros: somos gentis no trânsito na expectativa que sejam gentis conosco; somos honestos porque esperamos honestidade dos outros; evitamos fazer fofocas porque não queremos ser vitimas delas… Somos “nós” os parâmetros para nossos conceitos de bondade, gentileza, compreensão e honestidade. O “quanto” e “como” gostaríamos de sermos amados, respeitados e considerados somos nós que estabelecemos, portanto a responsabilidade pelo desapontamento pelo que recebemos é nossa. Bom seria se amassemos e ajudássemos as pessoas, cumpríssemos a lei e as regras sociais por uma questão de consciência pessoal; certamente o que recebêssemos em troca seria bem vindo e evitaríamos muito sofrimento emocional inútil.
         Não esperar nada dos outros parece sem sentido para muita gente, que não consegue imaginar o mundo sem que ele seja um reflexo de si mesmo e de seus pensamentos e desejos. Aceitar que a sua opinião possa não ser a melhor, que a sua atitude possa não ser a mais correta, e que o outro possa ter suas razões da mesma forma que você tem as suas, e que ele possa querer se preservar como você, exige humildade.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

DEPRESSÃO NA GRAVIDEZ


    Você pegou o resultado positivo no teste de gravidez e contou a  novidade para todo mundo. A partir daí tudo ou que ouviu foi: "Parabéns! Você deve estar superfeliz!". Claro, você está feliz de ter ficado grávida, mas, mesmo assim, não se vê tão nas nuvens quanto seria de esperar. E, para falar a verdade, às vezes se sente até bem triste, o que piora a situação, pois aparece a famosa culpa, que deixa você mais deprimida. 
         Você pode estar imaginando que é a única a se sentir assim. Não, não é mesmo, de jeito nenhum. Muitas mulheres preferem esconder a tristeza na gravidez para não passar uma má impressão aos outros.      
Para algumas mulheres, a gravidez não é necessariamente uma época feliz -- cerca de 10 por cento delas têm crises de depressão nessa fase, e uma sensação de melancolia é ainda mais frequente.
            Socialmente, podemos até tentar mascarar sentimentos negativos, por acreditar que a gestação deveria ser só um período de alegrias, ou por imaginar que a tristeza não passa de mais uma daquelas famosas variações de humor que geralmente afetam as grávidas. Mas depressão clínica é um problema sério e deve ser tratado.
            A depressão pode afetar você tanto no aspecto emocional quanto no físico, além de alterar a forma como você se comporta.
Antigamente acreditava-se que os hormônios da gravidez serviam como uma espécie de "proteção" contra a depressão, já que muitas mulheres têm uma sensação de bem-estar emocional nessa fase.
            O que se sabe hoje, porém, é que as mudanças e o estresse da gestação, além da carga de cuidar de outros filhos em muitos casos, podem tornar as mulheres especialmente vulneráveis à depressão.
            Se sua vida já estava sobrecarregada e não exatamente perfeita antes mesmo da gravidez, você fica ainda mais suscetível a uma depressão ao engravidar. 
            Um dos fatores que favorecem a depressão durante a gravidez, por exemplo, são dificuldades nos relacionamentos amorosos (ou à ausência de um parceiro, num momento tão delicado).
            Uma das sugestões para que a gestação seja mais saudável, mantenha a comunicação entre você e seu parceiro aberta e sincera. Você precisa do apoio dele. Se não tiver um companheiro, procure amigos e familiares em quem possa confiar e com quem possa se abrir.
            Peça recomendação ao médico ou a amigos e conhecidos para encontrar alguém com quem se sinta à vontade. Se o estado depressivo já dura algum tempo, pode ser que você tenha que tomar algum remédio específico e seguro para grávidas.