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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Se nada der certo: Onde tudo começa?

No programa no Domingão do Faustão, uma ex participante do BBB compartilhou seus planos profissionais publicamente e finalizou a frase mais ou menos assim “se não der certo, viro bailarina”. O apresentador ressaltou que as coisas não funcionariam por este caminho e as dançarinas do programa, ficaram revoltadas, dizendo que por trás disso, lutaram, e estudaram bastante.
Em uma das escolas que polemizou diversas notícias e fotos na internet em uma atividade chamada “se nada der certo”, e os alunos vestindo-se com roupas representando as profissões a “fracassados”. Eram “fantasias” de garis, vendedores, cozinheiros, moradores de rua, faxineiros, empregados domésticos e por ai vai...
Mas vamos refletir...onde tudo começa? Não é em casa e na escola?
Vamos tentar nos perguntar e responder. Os jovens que estão matriculados na escola, já estão dando errado na vida?
Os alunos podem ser jovens na idade, mas o desprezo por quem não tem diploma universitário ou alta remuneração mostra mentes tacanhas. Onde estão os jovens que sonham com um novo futuro, de igualdade, justiça e respeito para todos? Esses costumam dar mais certo na vida.
A atividade realizada mostra que, às vezes, o preconceito está tão arraigado que chega a se naturalizar. Tanto que a escola afirma, na nota de esclarecimento, que o objetivo era só “trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular”. Aparentemente, não parecia haver nada de errado, e foi necessária a disseminação da polêmica para que o tema se tornasse objeto de reflexão.
Mas este caso é apenas uma amostra de diversas atividades discriminatórias que ainda acontecem pelas escolas. Por exemplo, é mais comum do que se pensa que, no dia dos pais ou das mães, não haja previsão para acolher novos modelos de família, integradas por casais do mesmo sexo; da mesma forma, pouco se sabe lidar com as situações de novos companheiros dos pais e mães separados. As festas juninas são outro cenário de manifestação de preconceitos “naturalizados”: as crianças são vestidas com roupas remendadas, pintam a boca como se faltassem dentes, usam combinações cafonas e dançam de um jeito esquisito para imitar os “caipiras”. É o cidadão do meio urbano zombando do habitante do interior. Em todas essas ocasiões, os valores registrados no projeto pedagógico estão bem distantes da prática. 
Por fim, fica também a reflexão sobre o conceito de sucesso e fracasso. No conceito atual de liderança, a principal atividade não é comandar, mas servir. O papel do líder é facilitar o trabalho para que a equipe se sinta motivada e desafiada a fazer coisas incríveis. Mas mesmo ser o líder não é necessariamente sinônimo de sucesso na vida. Sucesso tem mais a ver com felicidade, bem-estar, equilíbrio pessoal, empatia. Sentimentos dos quais quem lava, arruma, limpa, faxina e conserta, mesmo enfrentando dificuldades inimagináveis, pode entender mais do que muita gente.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O sentir-se vazio.

Hoje em dia, no sentido tempo atual. O tempo em que vivemos é apresentado pela cultura do excesso, do sempre mais e mais, na qual tudo torna-se intenso e muito urgente. Vivemos o tempo do hipermercado, do hiperconsumo, do hipertexto, do hipercorpo, dos telefones celulares, dos computadores pessoais, dos aparelhos de vídeo domésticos, das tele entregas, da Internet, na qual há milhões de sites e bilhões de páginas. Novas ansiedades fazem parte neste universo contemporâneo.
Vivenciamos uma corrida frenética contra o tempo e contra a competitividade, o que provoca grande instabilidade. A continuar assim, caminharemos para uma identidade sem valores éticos como já se começa a constatar nas instâncias de poder, no trabalho, no exército, na família, na escola e nos partidos políticos. O presente está carregado de medos e de tensões que tiram o sentimento de liberdade. Tudo isso vai sendo autorizado e nada precisa ser justificado, pois os homens não visam somente ao produto, ao palpável, mas sim à destruição do outro, então corrompem, assaltam, roubam, matam, sequestram, abusam, violentam e praticam o terrorismo.
Conforme a concepção psicológica, ao lado do vazio externo, que se manifesta geralmente por sentimentos de vertigem, a angústia do vazio aparece sob duas formas: A primeira é o pesadelo de uma queda sem fim no vazio e a segunda, a angústia do esvaziamento da substância interna pelos buracos do invólucro psíquico. Refletindo a partir das duas configurações, somos levados a pensar que o homem encontra-se em grande desespero, pois suas perturbações psíquicas são caracterizadas por um mal-estar difuso e invasor, por um sentimento de vazio interior que se expressa na frase: “se pelo menos eu pudesse sentir alguma coisa!”, sendo assim, por consequência, o homem sentirá o vazio das emoções.
Todos nós estamos cansados de saber que os homens são diferentes uns dos outros, apesar de aparentemente terem algumas semelhanças. Cada um carrega consigo o código genético, uma das várias características que constitui nossa existência, e o corpo do indivíduo é que vai fazer a interação com o mundo. A construção de nossa individualidade se faz presente a partir do contato com nossos pais e irmãos. Paralelamente à sociabilização, o homem começa a fazer suas escolhas e a construir sua individuação.
O vazio existencial leva os indivíduos a trilhar caminhos tortuosos. Quando a fuga surge como a melhor alternativa para lidar com a angústia do viver, o indivíduo interrompe o contato com os outros, pois a sociedade o favorece e ele cai no individualismo. Com o contato com o outro constantemente interrompido, criam-se estruturas rígidas que acarretam ao indivíduo um verdadeiro sofrimento psíquico e o vazio se faz presente nos excessos.
Sendo assim, cabe-nos entender o que há em comum e o que há de diversos nesse sentir único e complexo, que leva a ser a um crescente questionamento quando se depara com o vazio. Precisamos questionar sobre essa angústia que, muitas vezes, torna-se insuportável para o indivíduo. Ele sofre e se nega a beber dessa fonte de desprazer.
Concluindo neste texto, portanto, na psicoterapia o sujeito buscará compreender, o que é estruturado hoje em dia com a falta, é um sujeito desejante que se utiliza de preenchimento ilusórios. O vazio existencial torna-se angustiante e transborda do aparelho psíquico.


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Caso Andreas Von Richthofen: traumas de infância.

Em primeiro lugar vamos compreender o que é trauma emocional ou psíquico. A palavra trauma apresenta um conceito lesão ou ferida produzida por ação violenta e externa ao organismo e pode ou não deixar sequelas.
  Na visão da psicologia, o trauma ocorre pela incapacidade do sujeito de superar determinado acontecimento na sua vida. Digamos que a maneira encontrada para lidar com o evento traumático não foi a mais adequada, pois a carga emocional foi mais intensa do que o indivíduo poderia suportar. Trauma é aquilo que deixa marcas e que pode te impedir de fazer aquilo que tem vontade na vida, pois o trauma inibe a energia de se viver plenamente. O comprometimento vai depender da intensidade da violência do trauma e da capacidade da pessoa, seja criança ou adulto, de elaborar psiquicamente a situação ocorrida.
     Na origem desse trauma consta também a culpa que a criança sente por não saber se foi a responsável por determinada situação de violência que tenha passado. Nesse sentido, podemos classificar de violência qualquer acontecimento pelo qual a criança tenha passado e tenha sido agressivo à ela (brigas entre os pais e com a própria criança, separação, xingamentos, chantagem emocional, drogas ou bebedeiras na frente da criança, presenciar sexo, tentativa de estupro, incentivo à prostituição infantil, exploração para o trabalho, espancamento ou utilização de objetos que ferem, depreciação constante da criança, abandono, desastres naturais, acidentes, violência urbana e doméstica em geral etc.). Citei aqui alguns casos pelos quais algumas crianças passam. A lista é interminável, porém, é bom atentar que qualquer tipo de violação no desenvolvimento normal da criança, poderá produzir um enfraquecimento do Eu e contribuir para a configuração de um sujeito inseguro, cheio de carências e neuroses que limitam a sua vida e impedem a busca pela autonomia.
     Dependendo da fase do desenvolvimento e da quantidade de tempo em que a criança passou vivendo em um ambiente traumático, ela poderá desenvolver Transtornos de Ansiedade, Transtornos Depressivos, Transtornos Comportamentais e Emocionais diversos, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, entre outros, porém, cito novamente a importância de uma avaliação psicológica profissional, tendo em vista que muitos desses diagnósticos são facilitados por uma investigação que generaliza os sintomas da criança e a coloca num patamar estatístico, sem considerar a história de vida de cada criança.
   Algumas crianças e adolescentes, vítimas de traumas, se adaptam e se recuperam de maneira surpreendente, apesar da experiência sofrível pela qual passaram. Esse amadurecimento precoce já seria uma resposta inteligente que o organismo dá para proteger o psiquismo de um sofrimento mais intenso. Mas existem vários fatores que também podem influenciar o fortalecimento de um Eu mais seguro e saudável, um deles é o carinho e a atenção da família e dos amigos na fase posterior ao evento traumático. O contato com aqueles que guardam sentimentos de amor é fundamental para a recuperação do trauma.
  Assim como, o papel da psicoterapia nesse caso é fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir sua força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança no meio do caos não elaborado anteriormente. A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será sentida no corpo/mente.