Vi
esses dias uma noticia, que não é tão nova assim. No Reino Unido, uma jovem de
21 anos, Vicky Harrison, matou-se com uma overdose de remédios, após ter
experimentado mais de 200 tentativas fracassadas de
arranjar emprego. Como estaria ela agora se alguma figura próxima
tivesse reconhecido o perigo em que se encontrava e tivesse soado o alarme?
Certamente terão sobrevindo preocupantes indícios que foram invariavelmente
negligenciados.
Fonte da notícia:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100423_jovemsuicidio_ba.shtml
A
palavra suicídio assusta, não ? Por
que acabar com a própria vida é um dos maiores paradoxos da existência humana ?. Jamais parece encontrar-se uma
resposta. No entanto, apesar de todo o avanço tecnológico e civilizacional, o
suicídio tem aumentado de forma assustadora, não destrinçando a origem social,
económica ou cultural.
Os
motivos comuns do suicídio encontram-se em diversas razões: depressões
profundas e continuadas, transtornos da alimentação (anorexia ou bulimia),
estados mais graves de afastamento
da realidade, dependências de tóxicos e de álcool, sentimento de ser um
encargo ou incómodo, desânimo incessante, dificuldades familiares, problemas
escolares, tentativas anteriores de pôr termo à vida, obstáculos laborais,
contrariedades sentimentais, reveses financeiros, enfermidades corporais
crónicas, estados de enorme isolamento social e, frequentemente, a suspeita de que se é o único do mundo
a sofrer daquela forma, o que intrapsiquicamente faz
parecer obsoleto procurar ajuda. Por vezes, mais do que um destes factores
cooperará no estabelecimento da fatal decisão.
Com o avanço de
tecnologia, cresce cada vez mais, principalmente a comunicação de redes sociais
e generalização da internet, sobrevêm perigos acrescidos. Não porque estes
utensílios modernos sejam perniciosos em si, mas porque se ampliam as
possibilidades dos indivíduos em risco, para o bem e para o mal. Tanto é mais
acessível encontrar fontes de auxílio, como são desimpedidas as vias para o
intercâmbio de patologias e depressões, amplificando-as. Por outro lado, em
vários casos já documentados, a divulgação de casos de suicídio gera um
fenómeno de imitação, especialmente quando a vítima é célebre, o que nos faz
deter para meditar na sociedade da
informação.
De que forma
podemos ajudar a regredir esta fatalidade? Aumentando o nosso estado de alerta,
de vigilância, de atenção. Observando indícios de tristeza, isolamento,
mudanças de humor intrigantes, diálogos sobre a temática da morte, desmazelo
continuado, desespero, depressão, murmúrios ou ameaças de suicídio, más notas
ou maus resultados sucessivos.
Sendo assim, a
partir do momento em que se identifica alguém em risco de cometer suicídio,
deve ser procurada ajuda de forma imediata. Perante estruturas psicológicas que
se encontram profundamente afectadas, poderá ser necessário recorrer ao uso de
fármacos, ou até ao internamento, designadamente se existem planos e meios
disponíveis para consumar o acto, ou se for estimado que a família da pessoa em
risco não conseguirá envolver-se de forma proveitosa na recuperação do seu
parente perigosamente perturbado. Em muitos casos, o acompanhamento
psicoterapêutico regular terá efeitos benéficos manifestos, pois quando alguém
crê que a própria extinção é a única saída, necessita de apoio para encontrar
uma sã alternativa.