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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dificuldade de relacionamento amoroso.

Hoje em dia, nos dá a sensação que é TUDO muito rápido e precoce. Entre duas pessoas, se encontram, sentem-se atraídas, conversam, trocas de olhares e “ficam”. A “ficada” por acontecer naquele dia, no instante da troca de olhares. Mas pode também avançar nos próximos encontros, por dias, semanas. Muitas pessoas já viram isso acontecer com pessoas próximas ou já passaram por essa situação.
Quando acontece de uma forma distante, pela rede social ou sem muitas explicações e sem motivos claros, pode deixar na outra pessoa algumas marcas. Muitas perguntas ficam sem respostas e esse silêncio dá margem para que várias inseguranças surjam. A pergunta “o que será que eu fiz de errado? ” soa cada vez mais forte no imaginário, trazendo angústia e tristeza.  No consultório é freqüente o número de homens e mulheres inseguros em relação ao seu próprio valor, com medo da rejeição e do abandono. E isso tende a ser uma bola de neve, quanto mais inseguro, mais medo de se relacionar e se abrir verdadeiramente para uma relação.
Antigamente, do tempo da minha vó e dos meus pais. Não tinham acesso com tanta facilidade, como hoje nós temos. A tecnologia avança tão rápido. Hoje em dia, muitas coisas de forma rápida e descartável, como comida, fotografia, vídeo, roupas, etc. Usufruímos das coisas sem precisar esperar muito ou se esforçar demasiadamente para tê-las.  
Nesse contexto muitas vezes acabamos transferindo esse comportamento também para as nossas relações. Quem aborda bem esse assunto é o sociólogo Zygmunt Bauman, que aponta a fragilidade das relações afetivas atuais. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.
A proximidade entre duas pessoas sugere que haverá um relacionamento estável e isso pode incomodar, porque o compromisso exige um esforço real, uma capacidade de lidar com o momento pós-excitação da novidade. Quando nos compromissamos com algo significa que nos importamos com a outra pessoa, que estamos juntos em várias situações, que iremos conhecer os amigos e a família, ou seja, precisaremos nos doar e nos envolver de verdade com o outro, num relacionamento real, com rotina, desagrados e alegrias.
Uma relação também indica que em algum momento teremos que entregar uma parte nossa ao outro e essa parte não temos como controlar, é preciso confiar, confiar que o outro não vai me abandonar, que vai me respeitar, vai ser leal, vai querer o meu bem. Esse momento pode ser muito difícil porque não há garantias que um relacionamento dará certo ou não, e isso é da natureza das relações, só se sabe vivendo.
As relações amorosas são um grande exercício para o amadurecimento pessoal, quando gostamos de alguém temos que nos esforçar para entender a pessoa que amamos, sair da nossa perspectiva e olhar um pouco pela perspectiva do outro, encontrar soluções diferentes para os conflitos, fazer acordos, aceitar o que não aceitaríamos há um mês. Tudo isso contribui para o nosso desenvolvimento pessoal e emocional.
Sendo assim, tudo isso prova que manter relações estáveis e saudáveis fazem bem e promovem a felicidade. Quando há a vontade genuína de se relacionar é preciso entender as barreiras conscientes e inconscientes que impedem um relacionamento real. Às vezes construímos crenças no passado que nos atrapalham hoje, fatores inconscientes podem estar atuando na nossa vida, é preciso querer entende-los e ressignificá-los.
O processo do autoconhecimento é fundamental para mudarmos padrões que não servem mais e nos abrirmos para as mudanças que desejamos. A psicoterapia pode ser uma importante aliada nesse processo, pois ajuda a nos tornarmos mais flexíveis e mais generosos  conosco, construindo uma vida com mais amor e bem-estar.

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