Hoje em dia, nos dá a
sensação que é TUDO muito rápido e precoce. Entre duas pessoas, se encontram,
sentem-se atraídas, conversam, trocas de olhares e “ficam”. A “ficada” por
acontecer naquele dia, no instante da troca de olhares. Mas pode também avançar
nos próximos encontros, por dias, semanas. Muitas pessoas já viram isso
acontecer com pessoas próximas ou já passaram por essa situação.
Quando acontece de
uma forma distante, pela rede social ou sem muitas explicações e sem motivos
claros, pode deixar na outra pessoa algumas marcas. Muitas perguntas ficam sem
respostas e esse silêncio dá margem para que várias inseguranças
surjam. A pergunta “o que será que eu fiz de errado? ” soa cada vez
mais forte no imaginário, trazendo angústia e tristeza. No
consultório é freqüente o número de homens e mulheres inseguros em relação ao
seu próprio valor, com medo da rejeição e do abandono. E isso tende a ser uma
bola de neve, quanto mais inseguro, mais medo de se relacionar e se abrir
verdadeiramente para uma relação.
Antigamente, do tempo
da minha vó e dos meus pais. Não tinham acesso com tanta facilidade, como hoje
nós temos. A tecnologia avança tão rápido. Hoje em dia, muitas coisas de forma rápida e descartável, como comida, fotografia,
vídeo, roupas, etc. Usufruímos das coisas sem precisar esperar muito ou se
esforçar demasiadamente para tê-las.
Nesse contexto muitas vezes
acabamos transferindo esse comportamento também para as nossas
relações. Quem aborda bem esse assunto é o sociólogo Zygmunt Bauman, que
aponta a fragilidade das relações afetivas atuais. As relações terminam tão
rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus
vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.
A proximidade entre
duas pessoas sugere que haverá um relacionamento estável e isso pode
incomodar, porque o compromisso exige um esforço real, uma capacidade de lidar
com o momento pós-excitação da novidade. Quando nos compromissamos com algo
significa que nos importamos com a outra pessoa, que estamos juntos em várias
situações, que iremos conhecer os amigos e a família, ou seja, precisaremos nos
doar e nos envolver de verdade com o outro, num relacionamento real, com
rotina, desagrados e alegrias.
Uma
relação também indica que em algum momento teremos que entregar uma parte nossa
ao outro e essa parte não temos como controlar, é preciso confiar, confiar que
o outro não vai me abandonar, que vai me respeitar, vai ser leal, vai querer o
meu bem. Esse momento pode ser muito difícil porque não há garantias que um
relacionamento dará certo ou não, e isso é da natureza das relações, só se sabe
vivendo.
As
relações amorosas são um grande exercício para o amadurecimento pessoal, quando
gostamos de alguém temos que nos esforçar para entender a pessoa que amamos,
sair da nossa perspectiva e olhar um pouco pela perspectiva do outro, encontrar
soluções diferentes para os conflitos, fazer acordos, aceitar o que não
aceitaríamos há um mês. Tudo isso contribui para o nosso desenvolvimento
pessoal e emocional.
Sendo
assim, tudo isso prova que manter relações estáveis e saudáveis fazem bem e
promovem a felicidade. Quando há a vontade genuína de se relacionar é preciso
entender as barreiras conscientes e inconscientes que impedem um relacionamento
real. Às vezes construímos crenças no passado que nos
atrapalham hoje, fatores inconscientes podem estar atuando na nossa vida,
é preciso querer entende-los e ressignificá-los.
O
processo do autoconhecimento é fundamental para mudarmos padrões que não
servem mais e nos abrirmos para as mudanças que desejamos. A psicoterapia pode
ser uma importante aliada nesse processo, pois ajuda a nos tornarmos mais
flexíveis e mais generosos conosco, construindo uma vida com mais amor e
bem-estar.
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