Neste texto,
estarei abordando sobre a discussão da avaliação da escrita dos alunos surdos
na escola regular e as possíveis estratégias utilizadas. Para se tratar
possíveis estratégias, devemos conhecer a cultura surdez e as diferenças
identidades. Para isso, foram abordados aspectos relevantes sobre a educação
dos surdos e as diversas filosofias envolvidas, ao longo da história, para o
desenvolvimento da escola dos surdos. Apresenta-se também a legislação e o
aporte que assegura a presença do interprete em sala de aula e o reconhecimento
da língua brasileira de sinais?.
Libras, como língua materna dos surdos. Quanto a avaliação e
suas especificidades, aborda-se o seu objetivo no processo de
ensino-aprendizagem e possíveis estratégias na avaliação do aluno surdo.
Visto que
a avaliação escolar consiste numa ferramenta indispensável ao processo de
ensino e aprendizagem e, é um fator que há muito tempo vem sendo discutido em
vários estudos, geralmente apresentando muitas controversas, acredita-se que
anteriormente ao ato de avaliar, é de suma importância delinear critérios para
avaliar os alunos, conhecer suas capacidades para explorá-las e oferecer um
rico ambiente pedagógico, para, enfim, realizar as práticas de avaliação.
Entretanto, elaborar uma avaliação escolar que
seja coerente e justa, favorecendo tanto o aluno quanto o trabalho do
professor, não é uma tarefa fácil e simplória. Quando se trata de elaborar um
método avaliativo, muitos professores encontram dificuldades frente à
diversidade que uma turma apresenta, principalmente quando esta diversidade
está relacionada a limitações de ordem física, sensorial ou cognitiva, mais
especificamente quando está relacionada a alunos que apresentam deficiências
físicas, sensoriais e intelectuais.
Diante
disso, questiona-se: como abordar questões relacionadas ao processo avaliativo
na Educação Especial, especificamente, na avaliação do alunado surdo? Segundo
Gutierres e Gama (1999) dos cinco sentidos, sem dúvidas, a audição desempenha
papel indispensável para aquisição e desenvolvimento da linguagem. A linguagem
oral é um meio de comunicação que além de satisfazer uma necessidade humana
importante, ou seja, o comportamento social é a maneira pela qual ocorre a
exteriorização de pensamentos abstratos por meio de palavras.
Gutierres
e Gama (1999) acrescentam, ainda, que na maioria dos casos, o aluno surdo, por
ter a privação do sentido da audição, apresenta dificuldades na comunicação
oral e gráfica, necessitando assim de um desprendimento de atenção por parte do
professor um pouco maior em relação aos demais da classe, já que para os
surdos, a Língua Portuguesa é um instrumento linguístico que não se apresenta
como recurso que vem facilitar o intercâmbio entre aluno e professor, mas um
obstáculo que precisam transpor com grande dificuldade, pois, na maioria dos
casos, a sua primeira língua do aluno surdo é a Linguagem Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e não a Língua Portuguesa.
Partindo
desse pressuposto, tendo o aluno surdo duas formas de linguagem: LIBRAS e
Língua Portuguesa, pode-se deduzir que o processo ensino e aprendizagem do
aluno surdo torna-se mais complexo que o dos demais alunos da classe. Difícil,
porém possível, e desta maneira que devem pensar os professores que trabalham
com esse grupo de alunos. Não se deve, de maneira alguma, acreditar/pensar que
os alunos surdos têm impedimentos no desenvolvimento cognitivo, mas sim que
eles apresentam experiências visuais e que desenvolvem sua linguagem, um dos
principais fatores de aquisição de aprendizagem, de maneira diferenciada.
Na
educação, a avaliação do desempenho escolar do aluno, por si só já é um tema
complexo, quando pensamos em uma educação especializada envolvendo o aluno
surdo torna-se mais complexo ainda, pois muitos dos métodos avaliativos são
elaborados por professores ouvintes, fazendo com que, muitas vezes, esqueça-se
que a linguagem, a cultura e a forma de obtenção da aprendizagem são diferentes
para o aluno surdo, não levando em consideração as especificidades do aluno.
Entende-se,
assim, que é importante, no ato da avaliação, levar em consideração as
especificidades de cada aluno. Na educação de surdos, principalmente, é
importante conhecer os aspectos que os diferenciam, respeitando-os e procurando
construir um ambiente pedagógico o mais favorável possível.
O ato de
avaliar o aluno, por parte do professor, é um dilema que faz parte da vida
cotidiana nas salas de aula e, posteriormente transformam-se em desafios para o
professor, entretanto, a avaliação é algo indispensável ao processo de ensino e
aprendizagem.
Assim
como, a estratégia, acredito que, cada professor, após aprimorar seus
conhecimentos, inteirando-se do que é e como ocorre o processo avaliação
escolar do aluno surdo, deve embasar suas práticas avaliativas no entendimento
de que a aprendizagem não é um processo passivo e mecânico, mas ativo, em que
os alunos surdos apresentarão vários estágios de aquisição tanto da LIBRAS
quanto da Língua Portuguesa, ou seja, seus textos vão se modificando e,
progressivamente, suas características não mais representam a língua 1 ou língua
base, que seria LIBRAS, mas ainda não representam a língua 2 ou a língua 2, que
seria Língua Portuguesa.
É
importante enfatizar que as ações mediadoras utilizadas pelos professores tanto
durante o processo ensino e aprendizagem quanto durante o processo de avaliação
contribuirão para que o aluno surdo salte de um estágio a outro, de modo que
suas produções escritas tornem-se cada vez mais distantes da LIBRAS e se
aproximem, cada vez mais, em forma, conteúdo e função da Língua Portuguesa.
Finalizando, que o processo de alfabetização do aluno surdo desde que esse
ingressa na escola não é responsabilidade apenas do professor, mas uma
conquista que exige muito estudo, trabalho, dedicação de todas as pessoas
envolvidas nesse processo, no caso o aluno surdo, a família, os professores, o
interprete de LIBRAS, os alunos ouvintes, profissionais em geral e a sociedade.
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