Pois
então, ninguém muda ninguém. As mudanças são escolhas próprias. É desnecessário
dizer que somos há dez anos atrás. Aquela
época que você era jovem universitário, cheio de sonhos, que se dava o luxo de
gastar em suas economias em baladas, compras, sem se importar com o resto do
mundo. Hoje, temos contas para pagar, as responsabilidades aumentaram, e as
ambições transformaram. Na realidade, vivemos em uma grande metamorfose
constante.
Será que isso tudo soa errado?. O impulso de mudar as pessoas
que gostamos parece se contrapor ao espírito do amor. Se amamos e somos amados,
por que seria necessária ou importante qualquer mudança? Amar não é exatamente
aceitar o ser de uma forma inteira, em seus pontos altos e baixos?
A ideia de querer mudar nossos parceiros
soa perturbadora porque, coletivamente, temos sido profundamente influenciados
por uma concepção Romântica do amor. Essa concepção afirma que o principal
indicador da presença do amor é a capacidade de aceitar a outra pessoa em sua
totalidade, com seus lados bons e ruins – e, em certo sentido, particularmente
em seus lados ruins. Precisamos aceitar a pessoa como um todo para nos sentir
dignos da emoção que atestamos sentir.
Em certos momentos de relacionamento, há um sentimento
particularmente comovente e enternecedor de ser amado por coisas pelas quais outros
já nos condenaram ou não reconheceram. Ao longo da vida, estamos sempre
conscientes de que há coisas a nosso respeito que outras pessoas podem não
gostar muito – e tentamos nos proteger da crítica e do desdenho. Por isso, nos
excitamos quando nossos amores tratam certos defeitos de forma generosa.
Qualquer
desejo de mudança, de acordo com essa ideologia Romântica, precisa nos
deixar tristes, chateados e causar profunda resistência. Parece uma prova de
que não podemos ser amados, de que algo terrível deu errado – de que se deva
terminar a relação…
Assim como, deveríamos parar de nos
sentir culpados por querer mudar nossos parceiros e não deveríamos nunca
ressentir nossos parceiros por querer que mudemos. Esses dois projetos são, em
teoria, extremamente legítimos, e até mesmo necessários. O desejo de corrigir
nosso amor é, de fato, totalmente fiel à tarefa essencial do amor – ajudar
outra pessoa a se tornar uma versão melhor dela mesma. O amor deveria
ser uma tentativa de crescimento mútuo de duas pessoas buscando alcançar seu
potencial pleno – nunca um mero cadinho em que se busca confirmação para nossos
defeitos.
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