Seguidores

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Você conhece teus filhos?


          O Brasil inteiro acompanhou as noticias de Suzane Richthofen e os irmãos cravinhos. Mas a final, o que passou na cabeça da Suzane e o que incentivou a planejar o crime?
Entre estas e outras perguntas, a noticia parece um roteiro de novelas, no horário nobre e garante sucesso do público na Rede Globo. É tão semelhante como os personagens, como por exemplo,  uma jovem rica, bonita , inteligente e que se apaixona por um sujeito oposto da sua vida, mas acha excitante viver aquela malandragem sem fim.
Uma jovem como Suzane, na época tinha 19 anos, era estudante de Direito da PUC em São Paulo, filha de pais intelectuais e herdeira e um grande patrimônio. Além da Suzane, tinha mais um irmão, mais novo. Foi quando, o planejamento de Suzane e Daniel cravinhos, na época tinha 21 anos, a morte dos pais com ajuda de irmão de Daniel com Barras de ferro previamente reforçadas com pedaços de madeira e espancaram o casal até a morte.
          No caso de Suzane, e outros que encontramos diariamente nas redes sociais ou noticias, o crime violento não foi um impulso, mas o último capítulo de uma tragédia crescente, que seguiu um ciclo vicioso: quanto mais os pais se opunham ao namoro, mais o jovem casal se unia e mais insistentes se tornavam as ameaças paternas para separá-los.
            Entre as várias perguntas que o fato sugere, uma remexe com o estômago de qualquer um: por que assassinar cruelmente e não, simplesmente, ir embora? O que fez com que esses dois jovens não pudessem encontrar outra forma de enfrentar a oposição ao namoro e incluíram a violência? Até agora, os principais envolvidos não ofereceram resposta para isso. Suzane alega estar apaixonada, a ponto de afirmar, durante interrogatório policial, que Daniel se transformara em uma obsessão. Diante as declarações que, ao lado das informações sobre o consumo de maconha, entretêm a mídia e a opinião pública, mas pouco acrescentam para explicar o caso.  Antes disso, elas caem como uma luva para uma alegação de crime passional cometido sob efeito de entorpecente, que parece ser a estratégia da defesa de Suzane para conseguir uma pena mais branda e tratamento mais simpático da imprensa. Sem defesa e sem estratégia, os irmãos Daniel e Cristian já admitiram que pensavam na herança.
            Para entender a motivação de Suzane, um caminho possível é identificar os fatores de risco aos quais ela esteve exposta e como ela se comportou frente a cada um deles. A explosão da violência nesses casos pode ser sintoma de psicopatia: um distúrbio de personalidade que decorre de um problema neurológico congênito ou de um trauma. O comportamento anti-social e os problemas de relacionamento com a família ou com amigos são, geralmente, indicadores desse distúrbio.
Para o futuro de Suzane, a resposta é especialmente importante, uma vez que o tipo da pena e sua duração dependem da sanidade mental do infrator. Se for considerada incapaz de compreender o caráter ilícito do seu ato, ela estará isenta da condenação, como diz o artigo 26 do Código Penal.
            Só um laudo específico e detalhado, que deve incluir exames laboratoriais, psicológicos e psiquiátricos, vai determinar o estado neurológico de Suzane. Por enquanto, os especialistas traçam hipóteses.
Sob a aparência saudável, os sociopatas contam com capacidade intelectual normal ou acima da média, percepção aguda e linha de pensamento sem alterações. A parte doentia, no entanto, demonstra um desprezo pelas obrigações sociais, nenhum sentimento de empatia pelas outras pessoas, dificuldade em controlar impulsos e um amor-próprio exacerbado. Ou seja, transtornos sociopatas podem ser identificados na insensibilidade e na falta de afetividade. Essa insensibilidade diante da culpa foi testada, submetendo sociopatas criminosos a cenas estressantes e medindo sua resposta fisiológica.
            Assim como, a origem da doença ainda é um mistério. Se os números mostram o quanto são raras as doenças que levam ao comportamento agressivo extremo, os neurocientistas apresentam uma teoria estatisticamente muito mais provável para o desencadeamento da violência em pessoas aparentemente normais. Segundo especialistas, destacam que cerca de dois terços do aprendizado humano derivam da interação social. Nessa batalha entre o impulso violento e a trava social, vence o lado que tiver mais força e influência em nossas vidas. Quando prevalece o impulso, o corpo se prepara para o ataque, que nem sempre é instantâneo, irracional. Transpostas as travas, o monstro está à solta e pode aguardar à espreita, entre férulas e sombras, o momento do bote.

Nenhum comentário:

Postar um comentário