Libras,
para quem não conhece, é a Língua de Sinais. É um instrumento muito importante,
pois amplia as possibilidades de comunicação melhor no atendimento entre
psicólogos e os pacientes surdos. Neste sentido, percebe-se também a
importância de qualificação para a população com surdez, pois a intervenção do
psicólogo em sua maioria é voltada para intervenção oral-auditiva e não
gestual-visual.
Infelizmente, muitos surdos não possuem acesso ou nunca tiveram
oportunidades aos serviços psicológicos, seja por condições financeiras, ou porque
a administração pública não oferece esse tipo de atendimento.
O profissional não deve ser limitado a técnicas a serem aplicadas.
Aprender Libras é adaptar as modalidades de acolhimento psicológico, promover o
acesso ao cuidado de saúde, e reduzir as barreiras comunicativas, favorecendo a
inclusão social desses indivíduos.
Não é somente o ensino de uma teoria/história que
permita a crítica às diferentes psicologias que fará esta pluralidade de
concepções avançar como ciência e profissão. Além disso, a formação do
psicólogo deve propiciar a produção do conhecimento no processo de aprender,
transformando a realidade, sistematizando e trocando idéias, através de
materiais escritos pelos estudantes que gerem polêmica, re-estudos, novas
elaborações. Teorias e práticas devem se articular. As implicações políticas,
culturais e ideológicas das práticas devem se constituir como pontos de
reflexão. Os professores devem se expor, explicitando o fundamento daquilo que
ensinam e a inconsistência das teorias que estudam. Mais do que em qualquer
campo do conhecimento, os especialistas precisam desenvolver uma visão de
totalidade e romper com os limites de suas áreas, problema sério na psicologia.
Considerando dados do senso do IBGE de 2000, em que 4.685.655 de
pessoas residentes no Brasil, apresentam alguma dificuldade permanente de
ouvir, é necessário reconhecer a diferença cultural do povo surdo, e perceber a
cultura através do reconhecimento de suas diferentes identidades, histórias,
subjetividades, línguas, a valorização de suas formas de viver e de se
relacionar, de modo a retirar essas pessoas da invisibilidade/exclusão
(Strobel, 2008).
Em meio às divergências de línguas e culturas, o psicólogo deve
habilitar-se para atender as demandas que possam surgir no ambiente
terapêutico, buscando uma formação teórica e metodológica que lhe permita
compreender seu objeto de estudo (Conselho Federal de Psicologia, 2005)
Há uma relevância do contato com a disciplina na formação, confirmado
pelo Decreto 5.626/2005, que dispõe a Língua Brasileira de Sinais – Libras como
disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação, acendendo uma visão
de inclusão/integração.
Ressaltando sobre os projetos de políticas públicas são
considerados dispositivos que ampliam as práticas de inclusão, viabilizando a
montagem de um sistema de inserção eficaz de profissionais a redes sociais de
atenção. Nesse caso, deve-se adaptar o psicólogo para a diversidade de demandas
apresentadas na sociedade, favorecendo tanto o profissional, quanto o usuário
do serviço, numa tentativa de tornar possível o acesso igualitário.
Sendo assim, há uma contribuição importante para a compreensão das
questões relativas ao atendimento psicológico instrumentalizado frente ao
surdo, levantando a possibilidade de inclusão efetiva a partir da implementação
de leis, políticas públicas favorecidas ao surdo.
Pode-se concluir que são necessárias novas pesquisas para ampliar
o leque de temáticas nesse contexto, atentando para a saúde psicológica de
todos, com um enfoque para os surdos, por já possuir uma visão diferenciada dos
demais, e a instrumentalização desses profissionais para assistir essa
população minoritária.
Referência Bibliográfica
- Conselho Federal de Psicologia. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Ed. Brasília, 2005
- LEI Nº 10.436, de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providência de : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
- STROBEL, K. Entrevista concedida ao blog Vendo Vozes, 2008. Pesquisado em : http://www.vendovozes.com/2008/03/entrevista-exclusiva-karin-strobel.html
Parabéns pelo excelente trabalho Carlos!
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