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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Suicídio- Como lidar?

Vi esses dias uma noticia, que não é tão nova assim. No Reino Unido, uma jovem de 21 anos, Vicky Harrison, matou-se com uma overdose de remédios, após ter experimentado mais de 200 tentativas fracassadas de arranjar emprego. Como estaria ela agora se alguma figura próxima tivesse reconhecido o perigo em que se encontrava e tivesse soado o alarme? Certamente terão sobrevindo preocupantes indícios que foram invariavelmente negligenciados.
Fonte da notícia: 
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100423_jovemsuicidio_ba.shtml

A palavra suicídio assusta, não ? Por que acabar com a própria vida é um dos maiores paradoxos da existência humana ?. Jamais parece encontrar-se uma resposta. No entanto, apesar de todo o avanço tecnológico e civilizacional, o suicídio tem aumentado de forma assustadora, não destrinçando a origem social, económica ou cultural.
Os motivos comuns do suicídio encontram-se em diversas razões: depressões profundas e continuadas, transtornos da alimentação (anorexia ou bulimia), estados mais graves de afastamento da realidade, dependências de tóxicos e de álcool, sentimento de ser um encargo ou incómodo, desânimo incessante, dificuldades familiares, problemas escolares, tentativas anteriores de pôr termo à vida, obstáculos laborais, contrariedades sentimentais, reveses financeiros, enfermidades corporais crónicas, estados de enorme isolamento social e, frequentemente, a suspeita de que se é o único do mundo a sofrer daquela forma, o que intrapsiquicamente faz parecer obsoleto procurar ajuda. Por vezes, mais do que um destes factores cooperará no estabelecimento da fatal decisão.
Com o avanço de tecnologia, cresce cada vez mais, principalmente a comunicação de redes sociais e generalização da internet, sobrevêm perigos acrescidos. Não porque estes utensílios modernos sejam perniciosos em si, mas porque se ampliam as possibilidades dos indivíduos em risco, para o bem e para o mal. Tanto é mais acessível encontrar fontes de auxílio, como são desimpedidas as vias para o intercâmbio de patologias e depressões, amplificando-as. Por outro lado, em vários casos já documentados, a divulgação de casos de suicídio gera um fenómeno de imitação, especialmente quando a vítima é célebre, o que nos faz deter para meditar na sociedade da informação.
De que forma podemos ajudar a regredir esta fatalidade? Aumentando o nosso estado de alerta, de vigilância, de atenção. Observando indícios de tristeza, isolamento, mudanças de humor intrigantes, diálogos sobre a temática da morte, desmazelo continuado, desespero, depressão, murmúrios ou ameaças de suicídio, más notas ou maus resultados sucessivos.
Sendo assim, a partir do momento em que se identifica alguém em risco de cometer suicídio, deve ser procurada ajuda de forma imediata. Perante estruturas psicológicas que se encontram profundamente afectadas, poderá ser necessário recorrer ao uso de fármacos, ou até ao internamento, designadamente se existem planos e meios disponíveis para consumar o acto, ou se for estimado que a família da pessoa em risco não conseguirá envolver-se de forma proveitosa na recuperação do seu parente perigosamente perturbado. Em muitos casos, o acompanhamento psicoterapêutico regular terá efeitos benéficos manifestos, pois quando alguém crê que a própria extinção é a única saída, necessita de apoio para encontrar uma sã alternativa.

sábado, 23 de julho de 2016

Reflexão: Contos de fadas como ferramenta Psicoterápica

O texto de hoje será uma reflexão sobre os contos de fadas como ferramenta importante simbólica no processo psicoterápico analítico. Com esta reflexão, tem o grande objetivo fazer uma leitura simbólica do feminino nas mulheres contemporâneas. Podemos pensar: “Será  que diante da necessidade atual, as mulheres integram o masculino com um meio para se manter em evidência nos novos papéis por elas desempenhados?”. Contudo, quando a mulher não integra este masculino de maneira adequada, sufoca seu feminino, gerando conflitos a respeito de si mesma e no relacionamento com os outros, acarretando dificuldades de adaptação, esbarrando especialmente nos relacionamentos.
No decorrer do tempo a história das mulheres mudou, partiu dos papéis desempenhados em casa para o espaço público das cidades, do trabalho, da política, da guerra, resumidamente do papel de vítimas para ativas, aquelas que insistem nas relações entre os sexos e integra a masculinidade.
Em outro texto, comentei sobre os conceitos principais sobre o feminismo. Destaco novamente, que é por certo uma das principais fontes contemporâneas das transformações relacionadas ao despertar do feminino, que evidenciou muitas conquistas aos direitos das mulheres, mas que ao mesmo tempo despertou consideráveis dúvidas e conflitos em mulheres a respeito de si mesma, que determina que o interesse da mulher é pela alma, ou seja, “para ela, tem haver com sua noção de identidade; portanto é mais uma busca interior do que uma tentativa de encontrar seu lugar no mundo em geral”.
Nos dias atuais, o movimento das mulheres em buscar seu espaço ideal, um equilíbrio e uma integração com os princípios universais femininos. Ser mulher nos dias de hoje implica em buscar sua alma, atualmente é natural que as mulheres ocupem as mesmas posições que os homens no mercado profissional, e ao mesmo tempo, homens e mulheres também estão dividindo as responsabilidades pelo lar e pela família.
É importante ressaltar que as mudanças atuais não atingem todos os indivíduos ao mesmo tempo nem com a mesma intensidade, em geral as mulheres estão presentes nas mudanças, de coração e alma expressando vivências com conflitos, culpas e questionamentos, buscando caminhos em suas próprias trajetórias, com objetivo de encontrar seus próprios valores em todas as esferas da vida.
Certas vivências são bastante dolorosas e consequentemente muito difíceis de serem contidas pelo ego, a partir do momento que não se consegue lidar com estas situações emocionais, pode haver a possibilidade destas situações serem reprimidas, negadas ou submetidas a qualquer outro mecanismo para serem afastadas da consciência, que por sua vez, continuará com a necessidade da verdade e manterá a produção do sofrimento psíquico até que se dilua e integre estas situações. Com isso, se reforça a necessidade de um envolvimento mais profundo e corajoso com as forças femininas durante o processo psicoterapêutico com mulheres, proporcionando a devida estrutura para um enfrentamento destas vivências reprimidas, negadas ou mascaradas.
Através da psicologia analítica, podemos abrir possibilidades às mulheres buscarem bem estar e qualidade de vida, sem a necessidade de alterar sua rotina, mas sim, conhecendo-se um pouco mais. Visto que a teoria Junguiana busca o equilíbrio através do passeio por todas as possibilidades do indivíduo, podendo adequar o comportamento dentro da situação vivida, sempre procurando conhecer as polaridades.
Em todas as etapas do desenvolvimento humano, somos envolvidos por contos e mitos passados de geração à geração, entramos em contato com estas estórias na escola, em reuniões familiares ou em brincadeiras entre crianças, ou seja, de alguma forma, sempre entramos em contato com o universo simbólico dos contos, mitos e ritos. Os contos de fadas nos são apresentados sempre com seus fabulosos trajes simbólicos e com suas requintadas, porém, simples forma, contudo eles nos mostram as linhas básicas do destino humano, a evolução pela qual todos os indivíduos devem passar. Racionalmente os contos de fadas não são compreendidos desta maneira, muitas vezes são vistos apenas como tolas histórias infantis, porém, eles assim como os sonhos, penetram nas camadas inconscientes e ali deposita sua mensagem primordial e ao ser tocado simbolicamente esta semente germina trazendo possibilidade de um restabelecimento saudável do caminho da psique.
            Para compreender melhor, citarei alguns exemplos dos temas presentes nos contos de fadas com o objetivo de demostrar o quanto os enredos e tramas dos contos estão ligadas á dinâmica vivenciada por todos.

A Justiça: O mundo real raramente é justo, mas nos contos de fadas os bons são quase sempre recompensados e os maus severamente castigados. Nem a própria morte consegue intrometer-se num final feliz e justo. A consciência de que existe possibilidade de transformação através da justiça natural é uma parte importante do encanto dos contos de fadas.
As Fadas: As fadas fazem parte da cultura popular de muitos países e, no passado, era muito vulgar acreditar-se nelas, em especial nas áreas rurais. Dizia-se que eram espíritos ou anjos cadentes ou descendentes de crianças que Eva escondeu de Deus nos sonhos, ou remanescentes de uma raça primitiva de seres humanos. De um ponto de vista psicológico diremos que, nos mitos como nos contos, essas personagens são figuras arquetípicas que à primeira vista, não tem nada a ver com seres comuns. Podem estar associadas à figura da mãe arquetípica, à velha sábia, ou à representação da Amina positiva.
As Bruxas: Aparecem como fada má. Encarnam o orgulho ferido e o rancor. Podem representar aspectos da Sombra; a personificação da Anima negativa, demoníaca; aquela que tem o poder da destruição e dos feitiços.
O verdadeiro amor vence tudo: Nos contos de fadas é o amor e não o dinheiro, a posição social e poder que fazem girar o mundo. Um príncipe pode casar com a criada da família, ou a prisioneira de uma bruxa. Nem mesmo aqueles que asseguram que nunca se casarão, resistem ao amor; o seu destino será apaixonar-se. No plano psicológico, isso pode significar; para uma mulher e integração do Animus positivo e para o homem, a integração da Anima positiva. A grosso modo significa a possibilidade do estabelecimento de ligações afetivas.

Ao considerar, mediante a teoria analítica, que todo individuo nasce com todos os núcleos arquetípicos e são os complexos afetivos que interferem na estrutura deste indivíduo, tendo assim importante papel no desenvolvimento da personalidade, podemos afirmar que trabalhar estes complexos afetivos durante a psicoterapia, proporciona o reencontro com a essência, libertando a pessoa, submetida ao processo, de seus padrões egóicos.
No trabalho psicoterápico, os contos de fadas podem ser utilizados como um elemento facilitador do processo, contribuindo com o paciente em seu desenvolver. O fundamental neste momento é o significado simbólico que o conto terá no momento em que é colocado, já que de fato, conforme Silveira (1997), os contos tem origem nas camadas profundas do inconsciente e pertencem ao mundo dos arquétipos, todos fatores que interessam e contribuem com a psicologia analítica.
Assim como, as mulheres ao ouvirem a história, poderão ser levadas a uma mudança pessoal, isso através das imagens que esta história conduzirá ao seu inconsciente e desta forma trabalhar seus conteúdos e resolver problemas eventuais
Esta integração pode ser positiva, possibilitando a mulher seu verdadeiro despertar feminino através desta integração, além de manter as mulheres as conquistas já atingidas e as novas possibilidades que se abrem, porém, este processo não é simples assim para todas as mulheres, para algumas esta masculinidade torna-se capaz de sufocar o feminino, criando barreiras para que sua essência flua e gerando conflitos a respeito de si mesmas e que em geral esbarra principalmente nos relacionamentos, sejam amorosos, afetivos ou profissionais. Neste contexto se faz necessário quebrar as barreiras criadas dentro desta condição, diluindo assim os entraves resultando na maturação de suas relações com os outros e consigo mesma. Parte-se do principio que esta quebra não é simples assim, afinal, estamos tratando de aspectos subjetivos difíceis de serem alcançados, especialmente pela potencialidade da rigidez e racionalidade características nas mulheres com estes conflitos ativados.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Transtorno Alimentar, como lidar?

        No período da graduação, do curso de Psicologia, tive a oportunidade em um dos estágios que fazem parte da grade curricular, em participar no grupo chamado  Transtorno Alimentar. Neste mesmo grupo é conversado junto com outros profissionais (psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, estagiários etc), buscando entender os sintomas que levaram os pacientes a chegar à situação que esta sendo vivenciada.
Para os que não fazem ideia, do que se trata, é muito sério, os transtornos alimentares são quadros psiquiátricos caracterizados por uma grave perturbação do comportamento alimentar, sendo a anorexia e a bulimia nervosas os dois tipos principais. A anorexia nervosa pode ser definida como uma recusa sistemática em manter o peso no mínimo normal adequado à idade e altura, acompanhada de uma perturbação no modo como o indivíduo vivência seu peso e sua forma física. Já a bulimia nervosa caracteriza-se por episódios de comer compulsivo, associados a sentimento de descontrole sobre o comportamento alimentar.
Nos dois casos o peso e o formato corporal exercem marcada influência na determinação da auto-estima dos pacientes, que via de regra encontra-se rebaixada. Acredita-se atualmente que exista uma etiopatogenia multifatorial, com hipóteses da influência combinada da dinâmica familiar, do meio cultural e de aspectos da personalidade do indivíduo como fatores concorrentes para a predisposição, instalação e manutenção dos distúrbios.
A influência do ambiente familiar sobre os transtornos alimentares é uma das dimensões mais valorizadas desde que essas enfermidades foram descritas, sendo que fatores familiares podem contribuir tanto para o desencadeamento como para a manutenção do transtorno.
O mais importante disso tudo, é compreender sobre o tratamento do paciente, que deve envolver uma equipe  multidisciplinar, incluindo o médico da atenção primária, nutricionista, e um psicólogo, os quais devem se comunicar regularmente. O papel do médico da atenção primária é o de coordenar o tratamento, para gerir as complicações médicas e para ajudar a determinar a necessidade de internação hospitalar.
O papel do nutricionista é monitorar o peso do paciente, controlar a ingestão nutricional e sua condição física, usando um padrão nutricional para obter a relação entre peso e a ingestão de alimentos como uma ferramenta para ajudar o paciente a ver a necessidade da importância da boa nutrição para o tratamento.
As intervenções de tratamento imediato, tanto para a anorexia e a bulimia são destinadas a normalização nutricional e recuperação de padrões normais de comer. Os melhores resultados iniciais ocorrem com a restauração do peso e psicoterapia individual e familiar, assim que o paciente estiver clinicamente apto a participar. A psicoterapia eficaz não pode ocorrer enquanto o paciente estiver no modo de inanição ou debilitado.
Para os pacientes que se recusam a terapia psicológica, o objetivo do médico ou o do nutricionista deve ser o de ajudar o paciente a perceber a gravidade da situação e trabalhar com ele para aceitar o tratamento psicoterápico.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A dor da decepção, é bom?

                Nós seres humanos, infelizmente, temos o costume de empregar termos sem realmente refletir sobre o sentido ou significado. E é assim que damos uma conotação positiva ou negativa a determinadas palavras, sem que verifiquemos se essa conotação é adequada ou não. O problema é que palavras nunca são inofensivas, já que as que usamos e escutamos influenciam nossa forma de agir, de pensar e de ver o mundo à nossa volta.
           Em outro texto, falei sobre o poder das palavras que usamos e torna importantíssimo escolher e empregar conscientemente as palavras que falamos ou escrevemos e filtrar com atenção as palavras que escutamos. Temos que ter cuidado especial porque temos também a tendência de confundir o que é agradável com bom e o que é desagradável com ruim, o que é um equívoco claro. O parto de uma criança, por exemplo, pode ser uma experiência desagradável para a mãe, já que é não raramente acompanhada de dor e muito esforço físico e psíquico. Todavia somos unânimes de que o nascimento de uma criança é uma coisa boa. Bom, nesse exemplo é facilmente perceptível que o desagradável não tem que ser necessariamente ruim, mas isso nem sempre é fácil de se reconhecer em inúmeras situações cotidianas, fazendo com que alimentemos diariamente essa confusão terminológica, trocando as bolas e atribuindo uma conotação negativa a algo bom só por ser desagradável, como é o caso da DECEPÇÃO.
            É natural que as emoções,  tristes, frustrados, desapontados ou até irados quando somos decepcionados… Sofrer uma decepção é uma experiência desagradável, às vezes até extremamente dolorosa, principalmente quando nos decepcionamos com alguém próximo, com quem temos uma relação mais estreita. Mas a decepção é uma coisa ruim? Não, não é. Pelo contrário: decepcionar-se é uma coisa boa, importante para o amadurecimento humano, já que se decepcionar significa perder a ilusão em relação alguém ou alguma coisa, quando algo inesperado destrói nossas expectativas.
A palavra “DECEPÇÃO” vem do latim deceptio, que significa engano ou dolo. Ou seja, quando decepcionamos alguém, o enganamos, quando nos decepcionamos, fomos enganados ou enganamos a nós mesmos. Agora responda: não é bom se livrar de um engano, de uma ilusão, de uma farsa, de algo que achávamos que era de uma forma, mas que na verdade sempre foi diferente?
            Uma pessoa decepcionada reage de acordo com o princípio “fui enganada!”, mas normalmente a “culpa” nem é (somente) do outro. Nós é que insistimos em ver algo como queremos ver, criando nossa própria realidade de forma conveniente para nós. Um bom exemplo é quando nos apaixonamos e vemos tudo de forma colorida, sem questionar e sem ver as coisas como são, projetando no outro aquilo que queremos e confundindo a ilusão da paixão com a realidade. Quando a paixão passa e vemos quem o outro é de verdade, ficamos decepcionados e nos sentimos enganados, o que é legítimo e compreensível, mas é importante se perguntar: enganado por quem? Pelo outro ou por nós mesmos? É importante entender que você mesmo é responsável pelas decepções que você vive.
          Assim como, a escolha é nossa. Quanto maior a nossa expectativa em relação a elas, maior a probabilidade de nos decepcionarmos. Por que isso acontece?
           Se quisermos ser amados ou admirados por todos, vamos nos sentir decepcionados em muitas oportunidades; também ficamos frustrados quando não fazem conosco ou para nós, o mesmo que acreditamos ter feito de bom aos outros: somos gentis no trânsito na expectativa que sejam gentis conosco; somos honestos porque esperamos honestidade dos outros; evitamos fazer fofocas porque não queremos ser vitimas delas… Somos “nós” os parâmetros para nossos conceitos de bondade, gentileza, compreensão e honestidade. O “quanto” e “como” gostaríamos de sermos amados, respeitados e considerados somos nós que estabelecemos, portanto a responsabilidade pelo desapontamento pelo que recebemos é nossa. Bom seria se amassemos e ajudássemos as pessoas, cumpríssemos a lei e as regras sociais por uma questão de consciência pessoal; certamente o que recebêssemos em troca seria bem vindo e evitaríamos muito sofrimento emocional inútil.
         Não esperar nada dos outros parece sem sentido para muita gente, que não consegue imaginar o mundo sem que ele seja um reflexo de si mesmo e de seus pensamentos e desejos. Aceitar que a sua opinião possa não ser a melhor, que a sua atitude possa não ser a mais correta, e que o outro possa ter suas razões da mesma forma que você tem as suas, e que ele possa querer se preservar como você, exige humildade.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

DEPRESSÃO NA GRAVIDEZ


    Você pegou o resultado positivo no teste de gravidez e contou a  novidade para todo mundo. A partir daí tudo ou que ouviu foi: "Parabéns! Você deve estar superfeliz!". Claro, você está feliz de ter ficado grávida, mas, mesmo assim, não se vê tão nas nuvens quanto seria de esperar. E, para falar a verdade, às vezes se sente até bem triste, o que piora a situação, pois aparece a famosa culpa, que deixa você mais deprimida. 
         Você pode estar imaginando que é a única a se sentir assim. Não, não é mesmo, de jeito nenhum. Muitas mulheres preferem esconder a tristeza na gravidez para não passar uma má impressão aos outros.      
Para algumas mulheres, a gravidez não é necessariamente uma época feliz -- cerca de 10 por cento delas têm crises de depressão nessa fase, e uma sensação de melancolia é ainda mais frequente.
            Socialmente, podemos até tentar mascarar sentimentos negativos, por acreditar que a gestação deveria ser só um período de alegrias, ou por imaginar que a tristeza não passa de mais uma daquelas famosas variações de humor que geralmente afetam as grávidas. Mas depressão clínica é um problema sério e deve ser tratado.
            A depressão pode afetar você tanto no aspecto emocional quanto no físico, além de alterar a forma como você se comporta.
Antigamente acreditava-se que os hormônios da gravidez serviam como uma espécie de "proteção" contra a depressão, já que muitas mulheres têm uma sensação de bem-estar emocional nessa fase.
            O que se sabe hoje, porém, é que as mudanças e o estresse da gestação, além da carga de cuidar de outros filhos em muitos casos, podem tornar as mulheres especialmente vulneráveis à depressão.
            Se sua vida já estava sobrecarregada e não exatamente perfeita antes mesmo da gravidez, você fica ainda mais suscetível a uma depressão ao engravidar. 
            Um dos fatores que favorecem a depressão durante a gravidez, por exemplo, são dificuldades nos relacionamentos amorosos (ou à ausência de um parceiro, num momento tão delicado).
            Uma das sugestões para que a gestação seja mais saudável, mantenha a comunicação entre você e seu parceiro aberta e sincera. Você precisa do apoio dele. Se não tiver um companheiro, procure amigos e familiares em quem possa confiar e com quem possa se abrir.
            Peça recomendação ao médico ou a amigos e conhecidos para encontrar alguém com quem se sinta à vontade. Se o estado depressivo já dura algum tempo, pode ser que você tenha que tomar algum remédio específico e seguro para grávidas. 





terça-feira, 28 de junho de 2016

MEDO DAS MUDANÇAS

Um dos sintomas que o medo nos acompanha durante todo o desenrolar de nossas vidas e não poupa ninguém. Apesar de muitas pessoas venderem uma imagem de muito corajosas e imunes ao medo, cedo ou tarde, esse sentimento estará presente.
            Há quem entenda o medo como um fator positivo e, de fato, pode ser, pois esse sentimento pode nos manter na defensiva e respeitar uma situação que pode se configurar em um perigo iminente em nossa frente. Se sentirmos receio, podemos adotar extrema cautela sobre a situação ou simplesmente fugir dela, ao passo que outra pessoa que a encara, o que pode ser perigoso, não sente medo e sim um alto grau de confiança, podendo estar sujeita a se expor e a sofrer as consequências.
            Em um assalto, é um dos exemplos, mais comum, recomenda-se nunca reagir. Não porque somos totalmente incapazes, mas sim porque estatísticas provam que, na maioria dos casos, a reação leva às piores consequências.
Então, uma pessoa que enfrenta essa situação fica com medo e tem pouquíssimas chances de se arriscar enquanto aquele ausente de medo e repleto de autoconfiança acredita que pode reverter a situação. O medo, às vezes, é importante para a nossa própria sobrevivência.
Imagine um grupo de amigos passeando de barco em uma represa. Todos eles beberam um pouco e resolveram nadar no meio da represa sem coletes salva-vidas. Todos sabem nadar e são tão confiantes que pulam na água, exceto um deles que está com muito medo e se recusa, pois entende que bebeu um pouco além do normal e isso pode ser um fator de perigo iminente para ele. Ele sabe nadar, mas, naquele momento, as condições adversas lhe proporcionam receio e ele recua. Os amigos na água o ridicularizam e o chamam de covarde até que um deles começa a se afogar, justamente o que era, entre todos, o melhor nadador. Portanto, devemos saber separar o medo da covardia.
            Então até aqui deixamos claro que o medo é muito importante em nossas vidas e por isso devemos passar toda a nossa existência sentindo medo? Não necessariamente.
            O medo é manifestada em diversas formas, assim como já conhecemos: medo de morrer, de voar, de água, de fantasmas, de briga, de envelhecer, de crescer, de matemática, de casar, de não casar, de engordar, de guerra, acidentes, de zumbis, de morcegos, de cobras, de altura, enfim, uma infinidade de tipos de medo.
            Agora falaremos de um tipo de medo que aflige muitas pessoas: o medo de mudanças! Por que a maioria das pessoas teme as mudanças? Às vezes é visível que a mudança será para melhor, mas mesmo assim causa em todos os envolvidos aquela sensação de desconforto e receio.
Por que o ser humano, quando confronta uma mudança, enxerga primeiramente o lado negativo e as consequências que essas mudanças podem trazer antes do lado positivo?
            Uma palavra muito importante que tem um papel fundamental nessa situação é a adaptação. Pois, de fato, qualquer tipo de mudança que iremos enfrentar, teremos, obrigatoriamente, um período de adaptação. É nisso que reside certos temores às mudanças, pois nós já estamos adaptados em nossa zona de conforto.

Encare seus medos e temores e não tenha receio de abandonar sua zona de conforto. O mundo lá fora pode ser sombrio, feio e perigoso, mas você está pronto para explorá-lo. 
Nós evoluímos, não vivemos mais em cavernas e mudamos muito desde então.

sábado, 25 de junho de 2016

AVALIAÇÃO ESCOLAR PARA ALUNOS SURDOS

Neste texto, estarei abordando sobre a discussão da avaliação da escrita dos alunos surdos na escola regular e as possíveis estratégias utilizadas. Para se tratar possíveis estratégias, devemos conhecer a cultura surdez e as diferenças identidades. Para isso, foram abordados aspectos relevantes sobre a educação dos surdos e as diversas filosofias envolvidas, ao longo da história, para o desenvolvimento da escola dos surdos. Apresenta-se também a legislação e o aporte que assegura a presença do interprete em sala de aula e o reconhecimento da língua brasileira de sinais?.
Libras, como língua materna dos surdos. Quanto a avaliação e suas especificidades, aborda-se o seu objetivo no processo de ensino-aprendizagem e possíveis estratégias na avaliação do aluno surdo.
Visto que a avaliação escolar consiste numa ferramenta indispensável ao processo de ensino e aprendizagem e, é um fator que há muito tempo vem sendo discutido em vários estudos, geralmente apresentando muitas controversas, acredita-se que anteriormente ao ato de avaliar, é de suma importância delinear critérios para avaliar os alunos, conhecer suas capacidades para explorá-las e oferecer um rico ambiente pedagógico, para, enfim, realizar as práticas de avaliação.
 Entretanto, elaborar uma avaliação escolar que seja coerente e justa, favorecendo tanto o aluno quanto o trabalho do professor, não é uma tarefa fácil e simplória. Quando se trata de elaborar um método avaliativo, muitos professores encontram dificuldades frente à diversidade que uma turma apresenta, principalmente quando esta diversidade está relacionada a limitações de ordem física, sensorial ou cognitiva, mais especificamente quando está relacionada a alunos que apresentam deficiências físicas, sensoriais e intelectuais.
Diante disso, questiona-se: como abordar questões relacionadas ao processo avaliativo na Educação Especial, especificamente, na avaliação do alunado surdo? Segundo Gutierres e Gama (1999) dos cinco sentidos, sem dúvidas, a audição desempenha papel indispensável para aquisição e desenvolvimento da linguagem. A linguagem oral é um meio de comunicação que além de satisfazer uma necessidade humana importante, ou seja, o comportamento social é a maneira pela qual ocorre a exteriorização de pensamentos abstratos por meio de palavras.
Gutierres e Gama (1999) acrescentam, ainda, que na maioria dos casos, o aluno surdo, por ter a privação do sentido da audição, apresenta dificuldades na comunicação oral e gráfica, necessitando assim de um desprendimento de atenção por parte do professor um pouco maior em relação aos demais da classe, já que para os surdos, a Língua Portuguesa é um instrumento linguístico que não se apresenta como recurso que vem facilitar o intercâmbio entre aluno e professor, mas um obstáculo que precisam transpor com grande dificuldade, pois, na maioria dos casos, a sua primeira língua do aluno surdo é a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) e não a Língua Portuguesa.
Partindo desse pressuposto, tendo o aluno surdo duas formas de linguagem: LIBRAS e Língua Portuguesa, pode-se deduzir que o processo ensino e aprendizagem do aluno surdo torna-se mais complexo que o dos demais alunos da classe. Difícil, porém possível, e desta maneira que devem pensar os professores que trabalham com esse grupo de alunos. Não se deve, de maneira alguma, acreditar/pensar que os alunos surdos têm impedimentos no desenvolvimento cognitivo, mas sim que eles apresentam experiências visuais e que desenvolvem sua linguagem, um dos principais fatores de aquisição de aprendizagem, de maneira diferenciada.
Na educação, a avaliação do desempenho escolar do aluno, por si só já é um tema complexo, quando pensamos em uma educação especializada envolvendo o aluno surdo torna-se mais complexo ainda, pois muitos dos métodos avaliativos são elaborados por professores ouvintes, fazendo com que, muitas vezes, esqueça-se que a linguagem, a cultura e a forma de obtenção da aprendizagem são diferentes para o aluno surdo, não levando em consideração as especificidades do aluno.
Entende-se, assim, que é importante, no ato da avaliação, levar em consideração as especificidades de cada aluno. Na educação de surdos, principalmente, é importante conhecer os aspectos que os diferenciam, respeitando-os e procurando construir um ambiente pedagógico o mais favorável possível.
O ato de avaliar o aluno, por parte do professor, é um dilema que faz parte da vida cotidiana nas salas de aula e, posteriormente transformam-se em desafios para o professor, entretanto, a avaliação é algo indispensável ao processo de ensino e aprendizagem.
Assim como, a estratégia, acredito que, cada professor, após aprimorar seus conhecimentos, inteirando-se do que é e como ocorre o processo avaliação escolar do aluno surdo, deve embasar suas práticas avaliativas no entendimento de que a aprendizagem não é um processo passivo e mecânico, mas ativo, em que os alunos surdos apresentarão vários estágios de aquisição tanto da LIBRAS quanto da Língua Portuguesa, ou seja, seus textos vão se modificando e, progressivamente, suas características não mais representam a língua 1 ou língua base, que seria LIBRAS, mas ainda não representam a língua 2 ou a língua 2, que seria Língua Portuguesa.
É importante enfatizar que as ações mediadoras utilizadas pelos professores tanto durante o processo ensino e aprendizagem quanto durante o processo de avaliação contribuirão para que o aluno surdo salte de um estágio a outro, de modo que suas produções escritas tornem-se cada vez mais distantes da LIBRAS e se aproximem, cada vez mais, em forma, conteúdo e função da Língua Portuguesa. Finalizando, que o processo de alfabetização do aluno surdo desde que esse ingressa na escola não é responsabilidade apenas do professor, mas uma conquista que exige muito estudo, trabalho, dedicação de todas as pessoas envolvidas nesse processo, no caso o aluno surdo, a família, os professores, o interprete de LIBRAS, os alunos ouvintes, profissionais em geral e a sociedade.